sexta-feira, setembro 29, 2006

CNBB ALERTA A OPOSIÇÃO, EM MANIFESTO

Texto da CNBB acusa conservadores de fustigar Lula

A CNBB não tem partido nem candidato a apoiar. Deixamos toda a liberdade e autonomia aos nossos eleitores. Não queremos bitolar os votos da comunidade católica", disse o secretário-geral da CNBB, domOdilo Pedro Scherer. Dom Geraldo disse que a CNBB não deseja que o governo Lula seja "malsucedido", embora admitindo que ele não fez"tudo o que precisamos de forma urgente".

Polêmica com o presidente da OAB

Dom Antonio criticou a sugestão do presidente da OAB (Ordem dosAdvogados do Brasil), Roberto Busato, de voltar a discutir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Precisamos ver o nível de responsabilidade [do presidente] no episódio. Impeachment não se decreta na véspera da eleição com a possibilidade de ganhareste ou aquele", afirmou. O presidente da CNBB, dom Geraldo MajellaAgnelo, manifestou preocupação com o futuro político do país. "Nãopodemos esperar para o futuro situação tão tranqüila que busque o bem comum da sociedade", alertou.

Texto de análise esclarece posição
As preocupações da CNBB ficam mais claras com a leitura do texto de análise de conjuntura que a reunião debateu, apresentado aos bispos por Pedro Ribeiro de Oliveira, membro da equipe do ISER-Assessoria. A análise é "quase toda voltada para o tema das eleições". E avalia que estas "são muito mais importantes do que deixa transparecer o clima predominante". "Estão em jogo pelo menos dois projetos de grande interesse para os excluídos e excluídas do banquete do mercado globalizado: o avanço da solidariedade latino-americana e o projeto brasileiro de construção da Nação.
Não é por acaso que, sentindo-se ameaçadas por esses processos de mudanças estruturais, as forças conservadoras estejam usando todos os meios para esvaziar oconteúdo político destas eleições e fustigando Lula e o PT para debilitá-los ao máximo", afirma a análise, classificada como"documento não-oficial da CNBB" e divulgada no sítio da entidade.

Para ser mais explícito, o texto recorda, numa nota: "A expressão usada por um senador do PFL é sangrá-los em praça pública?". Em nome dos movimentos sociais O documento frisa que "o processo de construção da Nação" visa"superar o antigo projeto colonial escravista", historicamente dominante no Brasil. E também que ele "se dá em sintonia com o de outros povos latino-americanos, que - apesar dos esforços em contrário dos EUA, buscam a integração econômica e cultural apoiada numa estratégia de longo prazo".

A análise da CNBB valoriza o papel dos movimentos sociais. Depois de historiar sua trajetória desdeos anos 50, aponta que "na década de 1990 os movimentos sociais atravessam a crise imposta pelo modelo neoliberal do Estado mínimo". E que "a reação dos movimentos sociais contra o esvaziamento do Estado fez reverter o projeto do Estado-mínimo com suas privatizações elevou à eleição de Lula". No texto, "movimentos sociais" aparece freqüentemente como uma expressão que designa as posições da própria CNBB.

Outro foco de interesse é o PT, também historiado, e elogiado, inclusive em contraposição à esquerda leninista. Diz que"o PT atravessou, com mais acertos do que erros, diferentes experiências de poder legislativo e executivo de âmbito municipal e estadual, mas ao enfrentar a experiência do Palácio do Planalto, está correndo o risco de perder sua identidade".

Ele prevê que Lula será reeleito e "provavelmente terá maior votação "que em 2002, mas "dificilmente o PT, o PRB e o PCdoB terão maior número de cadeiras no Congresso".

"Dois cenários"
Desenham-se então "dois cenários", conforme a análise. Pode haver um entendimento nacional de molde conservador, de Lula com a oligarquia. Esta manteria o presidente "acuado pela mídia" e então lhe ofereceria "a governabilidade em troca da manutenção da política econômica e dos privilégios do agronegócio, que é o que de fato lhes interessa".
"O segundo cenário é o que vê o segundo mandato de Lula como oportunidade para democratizar a sociedade brasileira, operando mudanças também nas suas bases econômicas e no seu sistema de poder", afirma o documento. E conclui que "este é o cenário desejado pelos Movimentos Sociais, que mais apoiaram do que criticaram o primeiro governo Lula".

Para o documento da CNBB, o "campo popular"extrai daí "tarefas estratégicas": avaliar a experiência do governoLula, "identificando onde acumulamos" e "onde perdemos"; "fortalecer processos autônomos"; "planejar uma pressão e acompanhamento popular sistemáticos, já durante o início do próximo governo", apresentando propostas; e buscar "uma aliança de organizações, movimentos, pastorais sociais, frentes e entidades, que tenha solidariedade interna; consistência política; base social; unidade estratégica".

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