terça-feira, setembro 26, 2006

CENSUS - LULA ELEITO JÁ NO 1º TURNO



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, ficou praticamente estável na pesquisa de intenção de voto CNT/Sensus, divulgada nesta terça-feira, 26. De acordo com a pesquisa de voto estimulado, Lula passou de 51,4%, na pesquisa realizada no período de 22 a 25 de agosto, para 51,1% na sondagem realizada entre os dias 22 e 24 de setembro.

Esses 51,1% representam 59% dos votos válidos (que excluem indecisos, brancos e nulos, que somaram 13,5%). O percentual mostra que, se a eleição fosse hoje, Lula estaria eleito no primeiro turno, com nove pontos percentuais de diferença sobre os demais candidatos.

O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, subiu de 19,6% em agosto para 27,5% em setembro, obtendo o equivalente a 31,8% dos votos válidos. A candidata do PSOL, Heloísa Helena, caiu de 8,6% para 5,7%, o equivalente a 6,6% dos votos válidos. Cristovam Buarque, do PDT, ficou praticamente estável, passando de 1,6% para 1,4% (1,6% dos votos válidos).

Segundo o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, o candidato da coligação PSDB-PFL, Geraldo Alckmin, não tirou votos de Lula, mas cresceu atraindo eleitores de Heloísa Helena e indecisos - já que o percentual de indecisos, brancos e nulos recuou de 17,7% para 13,5%.

Espontânea

Na pesquisa de voto espontâneo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, subiu de 42,3% para 46,00%. O candidato da coligação PSDB-FL, Geraldo Alckmin, subiu de 13,7% para 23,1%. A candidata do PSOL, Heloísa Helena, caiu de 5,4% para 4,6%. Os outros candidatos, somados, subiram de 0,4% para 1,4%.

O total de indecisos, brancos e nulos na pesquisa espontânea caiu de 38,2% para 24,9%. Segundo o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, o índice de indecisos, brancos e nulos na pesquisa de votos espontâneos já está na sua média histórica.

Dossiê Vedoin

A pesquisa revelou que 22,3% dos entrevistados nos dias 22 e 24 de setembro têm conhecimento do escândalo do dossiê Vedoin e estão acompanhando o caso; 36,8% disseram que ouviram falar sobre o caso; 37,2% dos entrevistados não ouviram falar sobre o escândalo político; 26,1% dos entrevistas apontaram assessores do presidente Lula como responsáveis pela compra do dossiê Vedoin.

Dos que ouviram falar sobre o escândalo, 44,2% acham que os responsáveis pela compra do dossiê foram assessores do presidente Lula. Do total de entrevistados, 13,6% disseram que o PT é o responsável pela compra do dossiê.

Ainda entre os que ouviram falar do caso, 23% apontaram o PT como o responsável pela compra do dossiê. 10,1% do total dos entrevistados disseram que o presidente Lula é que foi o responsável pela compra do dossiê.

Dos que tomaram conhecimento do caso, 17% afirmaram que o presidente Lula é que foi responsável para compra do dossiê.

A pesquisa revelou que 3,2% dos eleitores consultados não vão mais votar em Lula por conta do caso da compra do dossiê Vedoin, o que significa 5,3% das pessoas que tomaram conhecimento do caso. Disseram que não vão mudar o voto e vão continuar votando em Lula, apesar do episódio, 27,7% (46,9% dos que tomaram conhecimento). Disseram que não vão mudar mas já não iriam mesmo votar em Lula 22,8% dos entrevistados, correspondente a 38,6% dos que tomaram conhecimento do episódio.

A pesquisa mostrou ainda que 25,8% dos eleitores entrevistados avaliam que o episódio da compra do dossiê Vedoin vai prejudicar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse percentual representa 43,6% do total de entrevistados que tomaram conhecimento do episódio, que, por sua vez, representam 59,1% do universo de entrevistados. Consideraram que o episódio não vai prejudicar a reeleição de Lula 30,5% dos entrevistados, o equivalente a 51,6% das pessoas que tomaram conhecimento do assunto.

Para Ricardo Guedes, se 100% dos eleitores tomassem conhecimento do episódio da compra do dossiê e o padrão de mudança de votos, ou seja, os 3,2%, se repetisse, Lula cairia para 56% das intenções de votos válidos, ou seja, ainda estaria eleito no primeiro turno. "A compra do dossiê tem tido impacto pouco significativo comparado ao efeito da estabilidade da moeda e dos programas sociais na popularidade do presidente Lula", disse Guedes.

Rejeição

A pesquisa CNT/Sensus mostrou que a rejeição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, subiu de 25,5% para 27,3%. Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas que disseram que Lula é o único candidato em quem votariam subiu de 39,4% em agosto para 44,3% na pesquisa.

O candidato da coligação PSDB-PFL, Geraldo Alckmin, teve o índice de rejeição reduzido de 42% para 41%. O percentual de pessoas que disseram que só votariam em Alckmin subiu de 10,4% para 18,5%.

A rejeição da candidata do PSOL, Heloísa Helena, ficou estável, oscilando de 50,1% para 50,3%. Disseram que só votariam em Heloísa Helena 6,8% dos entrevistados, ante 4,7% na pesquisa anterior.

"As rejeições, em geral, permaneceram estáveis", disse o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, explicando que a série histórica da pesquisa mostra que, candidatos com rejeição individual maior do que 40% (que é o caso de Alckmin e Heloísa Helena) estão fora do jogo político. No caso de Alckmin, se for considerada a margem de erro de três pontos, ele pode estar abaixo desse nível.

Mas, para Guedes, de qualquer forma, "a sua situação é extremamente complicada". "Pela pesquisa, Lula estaria eleito no primeiro turno", afirma o diretor.

Programas eleitorais

A CNT/Sensus mostrou também que 26% dos entrevistados consideram o programa eleitoral de Lula o melhor. Esse percentual corresponde a 42,4% do total de pessoas que assistiram ao horário político, que, por sua vez, representa 61,3% dos entrevistados.

Consideraram o programa de Geraldo Alckmin o melhor 20,4% dos entrevistados, o equivalente a 33,2% do total de pessoas que assistiram ao horário eleitoral. Apenas 3,5% consideraram o programa de Heloísa Helena o melhor, o equivalente a 5,6% dos que viram o horário político.

Segundo o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, o fato de a quantidade de pessoas que consideram o programa de Lula melhor ser inferior ao total de intenções de voto no presidente pode significar um potencial de perda de votos nas urnas.

O raciocínio inverso vale para Alckmin, que tem uma quantidade maior de aprovação de seu programa político do que de intenção de votos.

Entrevista com Ricardo Guedes, presidente do instituto Sensus

Paulo Henrique Amorim do Conversa Afiada

O presidente do instituto Sensus e responsável pela pesquisa CNT/Sensus, Ricardo Guedes, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim, nesta terça-feira, dia 26, que, se se considerar apenas os votos válidos, Lula tem 59% das intenções de voto. "A distância dele (Lula) para a linha limite dos 50% é de nove pontos percentuais, o que indica vitória de Lula no primeiro turno", explicou Guedes (clique aqui para ouvir).

Segundo Ricardo Guedes, Alckmin cresceu nos últimos 30 dias e ganhou votos dos indecisos e de Heloísa Helena. Guedes disse também que apenas 3,2% dos eleitores entrevistados mudaram a intenção de voto em Lula por causa do episodio Vedoin.

Guedes lembrou que se a distância de Lula da linha limite dos 50% é de nove pontos, a soma dos outros candidatos também é de nove pontos para baixo, o que daria uma distância de 18 pontos percentuais entre Lula e a soma dos outros candidatos juntos.

Leia a íntegra da entrevista com Ricardo Guedes.

Paulo Henrique Amorim: Com relação aos votos válidos, qual seria a diferença de Lula para os demais, qual a distância que ainda é preciso percorrer para que haja um segundo turno?

Ricardo Guedes: Basicamente, ele estaria com 59% dos votos válidos, o que significa nove pontos percentuais em relação à linha limite dos 50%.

Paulo Henrique Amorim: E a distância dele para os demais?

Ricardo Guedes: Ela é muito significativa porque nove pontos em relação a essa linha de 50%, os demais candidatos estariam a nove pontos no limite inferior também desta linha de 50%. Em verdade, nós estamos verificando que houve um acréscimo significativo de Alckmin nos últimos 30 dias. A última pesquisa é do final de agosto.

Paulo Henrique Amorim: Ele cresceu nos últimos 30 dias?

Ricardo Guedes: Sim, ele cresceu significativamente a um total de oito pontos.

Paulo Henrique Amorim: Mas ele cresceu em cima de Lula ou de Heloísa Helena?

Ricardo Guedes: Pelo dados, ele cresce, vamos dizer, com o refluxo de votos de Heloísa Helena para ele, que eram os votos de protesto, onde parte do eleitorado da linha de protesto para alocar os votos naquele candidato que ele acha que pode efetivamente ter uma viabilidade e também em cima dos indecisos. Então, a soma da diminuição dos indecisos e o relativo declínio de Heloísa Helena dão a base de crescimento de Alckmin.

Paulo Henrique Amorim: Ou seja, Lula está estável?

Ricardo Guedes: Comparado a 30 dias, sim. Possivelmente ele apresenta uma ligeira queda porque nós perguntamos do "dossiê Vedoin", onde 59% do eleitorado tomou conhecimento e 10% do total do eleitorado atribui ao presidente Lula responsabilidade pela compra do dossiê. No total do eleitorado, nós estamos com 3,2% que declaram ter mudado a intenção de voto em Lula por causa do dossiê. Então, isso significa que podemos ter hipótese de que nesse espaço de 30 dias o Lula pode ter crescido relativamente e decrescido relativamente, dando essa noção de estabilidade ao longo de 30 dias

Paulo Henrique Amorim: De qualquer forma, o que se pode dizer como resultado é que a questão do dossiê não teve impacto sobre o resultado final, que é essa diferença de Lula sobre os demais.

Ricardo Guedes: O dossiê certamente terá impacto sobre popularidade e outros indicadores, a questão é se no tempo que falta para a eleição teria um efeito significativo na eleição presidencial já que, vamos dizer, a configuração da história, na percepção do eleitorado e o seu julgamento, tomam um certo tempo para poder ocorrer. Agora, não podemos também deixar de aventar que isso pode ocorrer, depende muito do que vai ocorrer nessa semana. De qualquer forma , os indicadores indicam hoje vitória de Lula no primeiro turno.

Paulo Henrique Amorim: Você conhece, pela experiência que você tem na pesquisa Sensus, ou em outras que você tenha trabalhado, você conhece, faltando 6 dias para a eleição, é possível que Geraldo Alckmin venha derrotar Lula ou levar a eleição para segundo turno?

Ricardo Guedes: É difícil a gente ter uma declaração peremptória em relação a isso porque nós estamos num quadro social bastante inusitado em relação à polícia nacional. Então, seria difícil afirmar peremptoriamente. De qualquer forma, os indicadores indicam vitória em primeiro turno.

Paulo Henrique Amorim: A sua pesquisa é muito diferente da pesquisa do Estadão de domingo, que é a última conhecida, em que a diferença do Lula para o Alckmin é só de três pontos. Como você explica isso?

Ricardo Guedes: Se você pegar as quatro pesquisas, você vai ver uma relativa equivalência dos dados do ponto de vista estatístico. As pesquisas não devem ser entendidas, vamos dizer, em seus números estritos, mas como um experimento estatístico e suas respectivas margens de erro. Então, se você pensar em limites superiores e inferiores das quatro pesquisas ultimamente divulgadas, você vai ver que todas tem um grau de intercessão de empate técnico em seus resultados para Lula e para Alckmin.

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