sábado, novembro 25, 2006

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Mensagem do Dia - Valorize

Valorize os centavos, mas não queira guardá-los demais,
valorize o amor conquistado, mas não morra por ele,
valorize o pão na mesa, mas coma apenas para saciar,
valorize o carro adquirido, mas não se mate com ele,
valorize a sua família, mas não viva apenas para ela,
valorize as suas idéias, mas escute também a dos outros,
valorize a sua beleza, mas não fique cego por ela,
valorize a sua inteligência, mas evite a soberba,
valorize Deus, mas não o culpe pelos acontecimentos negativos,
valorize os sonhos, mas lute para realizá-los,
valorize o emprego, mas não se acomode nele,
valorize a casa, mas cuidado com o excesso de cuidados,
valorize a amizade, seja fiel,
valorize a vida, mas não apegue demais a ela,
valorize a saúde, mas não se entupa de remédios,
valorize as suas qualidades, mas não se esqueça dos defeitos,
valorize as boas notas, mas deixe de estudar,
valorize a sua fé, mas não deixe de orar,
valorize o bom livro, mas não o deixe na estante para enfeitar,
valorize o sexo, mas reserve hora e lugar,
valorize o verbo, mas não despreze o pronome,
valorize seus esforços, mas não se acomode,
valorize as dificuldades, claro que elas ensinam,
mas não precisa ficar sempre nesse aprendizado.

Por fim, entre lutas e batalhas,
entre sonhos e decepções,
entre as conquistas e perdas,
aprenda a valorizar o seu maior valor,
o que abre caminhos, aproxima e fecha a ferida,
valorize e cultive sempre o amor,
só ele liberta e dá o devido valor para a vida.

Autor: Paulo Roberto Gaefke

sexta-feira, novembro 24, 2006

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Controladores apontam falha no sistema e de pilotos em acidente

Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Os três controladores de vôo que trabalhavam no momento do acidente entre um Boeing da Gol e um jato Legacy confirmaram, nesta quinta-feira, o que seus colegas já haviam dito sobre a existência de um ponto cego no espaço aéreo. Eles alegaram ainda que os pilotos do jato não emitiram um código de emergência internacional que poderia ter evitado a tragédia.

"Houve (durante os depoimentos) a confirmação do que outros controladores já haviam dito sobre falha de radar e falha de comunicação na área do acidente", disse à Reuters o advogado Fabio Tomás Souza, que representa os controladores.

Ele acrescentou, em entrevista por telefone, que os pilotos do jato Legacy não acionaram um código internacional de segurança após as tentativas frustradas de comunicação com os controladores o que, segundo o advogado, seria o procedimento em caso de problemas de comunicação.

"Isso contribuiu diretamente (para o acidente)", afirmou. "Se eles tivessem acionado, provavelmente o centro de controle de Manaus teria emitido sinais anticolisão."

"Se eles (pilotos) não obtiveram resposta (dos controladores), eles teriam que ter acionado."

Os três controladores foram ouvidos pela PF num inquérito que investiga as causas do acidente, o pior da história da aviação brasileira. Antes deles, já haviam sido ouvidos outros dez controladores ao longo desta semana.

Autoridades do Ministério da Defesa e da Aeronáutica negam que o espaço aéreo brasileiro tenha "pontos cegos" e têm afirmado que o sistema de controle do país está no nível dos mais avançados do mundo.

Mas o advogado que representa os controladores afirmou que o problema "é antigo" e que isso já fora informado documentalmente à Aeronáutica.

"É uma área em que já é esperada a perda de vigilância radar", disse. "É um ponto cego para os controladores de vôo. (Embora) alguns digam que ele é visível para a Força Aérea."

Tomás Souza acrescentou ainda que "tudo indica que houve problema no transponder" do Legacy. Ele disse, no entanto, devido ao suposto ponto cego, isso é difícil de ser constatado. No dia 29 de setembro, o vôo 1907 da Gol se chocou com o Legacy, da empresa norte-americana de fretamento ExcelAire. O Boeing da Gol caiu em Mato Grosso e todas as 154 pessoas a bordo morreram. O Legacy, fabricado pela Embraer perdeu a ponta da asa, mas pousou em segurança em uma base militar no Pará.

Os pilotos do Legacy, os norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino, estão no Brasil há quase dois meses. A Justiça determinou a retenção de seus passaportes, impedindo-os de deixar o país, até que as investigações sobre o acidente estejam concluídas.

Robert Torricella, advogado dos pilotos, disse que Lepore e Paladino, que negam qualquer responsabilidade pelo acidente, tiveram que ficar no Brasil contra sua vontade, sem serem formalmente acusados.

"A situação deles é difícil e está se complicando ainda mais com o passar do tempo", disse Torricella à Reuters.

"A liberdade de ir e vir deles está restringida e sua capacidade de lidar com as emoções criadas nessas circunstâncias foi total e injustamente comprometida", afirmou Torricella.

(Reportagem adicional de Andrei Khalip, no Rio de Janeiro)

por Rainério

quinta-feira, novembro 23, 2006

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Você não pode perder!

ENCONTRO FRATERNO AUTA DE SOUZA- BOA VENTURA -PB
TEMA CENTRAL: EM DEFESA DA VIDA
Dias: Nos dias 09 e 10 de Dezembro de 2006

*Campanha em Defesa da Vida - Aborto, Suicídio e Drogas-> Iara Machado
* Campanha de Fraternidade Auta de Souza ->João Irlan
* Evangelização Infantil-> Fátima
* Alimentação Natural-> Dr. Fernando Loureiro
* Posto de Assistência-> Marcone

Cidade: Boa Ventura-Pb
Local: Colégio Estadual “EMÍLIA DINIZ ALVARENGA”
Vizinho ao Posto ARTUZAO na “BR”
Realização: CESB- Centro Espírita Seareiros do Bem
Informações:
Itaporanga: Reynollds 9993-8998 e Vicente: 99520247;
Boa Ventura: Manoel: 99953766

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Quanto custa um deputado federal?

Aline Sá Teles
A democracia não tem preço. No momento, porém, em que a Câmara dos Deputados patrocina a absolvição de nove deputados envolvidos com o mensalão, em nítido confronto de opinião com a sociedade brasileira, ela torna-se alvo de profundas críticas, sobretudo no quesito "gastos".

Só o custo de cada deputado federal (salário e estrutura disponibilizada), hoje, é de aproximadamente R$ 100.000,00 por mês. Além do salário de R$ 12.847,20 (15 a 19 vezes por ano), os parlamentares contam ainda com a verba de gabinete (R$ 50.818,82), as verbas indenizatórias (R$ 15.000,00) e mais R$ 3.000,00 de auxílio-moradia, que recebem mesmo já tendo um imóvel próprio em Brasília.

Isso sem contar os R$ 4.268,55 previstos para despesas com postagens e telefonia, além da cota de passagens aéreas, que varia de R$ 6.000,00 a R$ 16.500,00, dependendo do estado de origem do parlamentar. Clique aqui, para ver um quadro com o custo da remuneração e da estrutura disponível para os deputados federais.

Em 2005, as despesas da Câmara dos Deputados chegaram a R$ 2,3 bilhões. O dinheiro gasto seria suficiente para aumentar em 8 vezes os investimentos federais em educação, no mesmo período. Dos gastos globais do órgão, 75% são referentes a despesas com pessoal e encargos sociais.

As regalias, no entanto, parecem não ser suficientes para alguns deputados que pretendem incorporar aos salários os R$ 15 mil de verba indenizatória. Esses recursos podem ser gastos com despesas como gasolina, alimentação, hospedagem, diárias, consultorias, material de escritório, entre outras.

O Ministério Público suspeita da existência de fraudes nas prestações de contas de alguns deputados. No ano passado, os parlamentares cobraram da Casa R$ 41 milhões como reembolso por "gastos com combustíveis para veículos automotores", o equivalente a um consumo de 20,5 milhões de litros de gasolina.
por Rainério

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Jornalista do NYT aconselha turistas a não vir ao Brasil

Agência Estado - O jornalista americano Joe Sharkey, um dos passageiros do jato Legacy que se chocou com o Boeing da Gol em setembro, afirmou hoje em seu blog que os turistas que querem vir ao Brasil devem cancelar sua viagem. "Se vocês estão planejando uma viagem ao Rio, aconselho: não vão", escreveu. No post intitulado "Estúpidos na Parada", Sharkey, do jornal "The New York Times", voltou a criticar a atitude do governo brasileiro de manter os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino detidos no País. Para ele, os comandantes estão sofrendo preconceito por serem americanos.

Segundo o jornalista, os brasileiros deveriam se ocupar mais com a absolvição dos pilotos, em vez de culpá-los. "Isso é um tema constante entre os estúpidos no Brasil (...), que estão somente interessadas em usar ironia barata a serviço da histeria antiamericana." Ele acrescenta, porém, que está recebendo várias mensagens de "brasileiros inteligentes que estão assustados" com o desvio que a investigação do acidente sofreu.

No mesmo post, as críticas do jornalista atingem o ministro da Defesa, Waldir Pires, e respingam até no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Casualmente, eu noticiei que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve muito, muito distante desta bomba fedorenta. Logo após a histeria começar, o sortudo Lula estava confortavelmente sendo reeleito."

O jornalista publicou também uma carta enviada recentemente ao Palácio do Planalto pela National Business Aviation Association - associação de aviação de negócios dos EUA, com sede em Washington - em que seu presidente, Ed Bolen, exige o retorno dos pilotos aos EUA. "Impedir os pilotos de retornarem aos Estados Unidos não é nem apropriado ou benéfico para a investigação", diz a carta.
por Rainério

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Deputados querem aumento de mais de 90% no salário

Agência Estado - Os deputados também querem o teto máximo de salário. Consultas informais que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), tem feito aos deputados e líderes partidários apontam a tendência de um reajuste salarial para os parlamentares no limite dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No Congresso, a idéia de alterar os salários para os deputados que assumirão em 1º de fevereiro de 2007 não tem opositores, mas a discussão é quanto ao índice de reajuste. Hoje, Rebelo confirmou a reivindicação para que o salário dos parlamentares (R$ 12.847,20) chegue ao valor do salário do Supremo, atualmente de R$ 24.500,00, o que significaria um reajuste de mais de 90%.

O aumento salarial dos parlamentes repercute nas assembléias legislativas nos Estados e nas Câmaras municipais. O deputado estadual pode receber até 75% do salário do federal. O limite para o salário dos vereadores depende do tamanho do município e varia de 20% do subsídio do deputado estadual, em município de até dez mil habitantes, até 75% dos salários dos estaduais, em cidades com população acima de 500 mil habitantes.

Até o final do ano, os deputados e os senadores que assumirão em 1º de fevereiro de 2007 deverão ter seus salários reajustados, segundo admite o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na Câmara, o aumento do salário dos deputados seria concedido com corte para que não haja impacto no Orçamento da Casa de cerca de R$ 3,3 bilhões para 2007. "A demanda por aumento de salários sempre existiu a partir da idéia de que deva haver isonomia entre os salários dos três Poderes", afirmou Rebelo.

Pedidos

Hoje, depois de reunir a bancada, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), defendeu a reposição da inflação dos últimos quatro anos para o salário dos parlamentares. O último reajuste foi em 2003, quando os vencimentos foram igualados ao salário do Supremo na época. Fontana quer a manutenção da verba indenizatória de R$ 15 mil, usada para pagar os gastos dos parlamentares com o mandato em seus Estados. Ele argumenta que a verba é para pagar despesas com o exercício do mandato e não significa salário. A idéia de diminuir a verba indenizatória na proporção do aumento do salário é uma das hipóteses em discussão na Câmara.

"Somos contra essa equiparação com o Supremo e a favor de um reajuste que reponha a perda inflacionária nesse período", afirmou Fontana. O líder petista afirmou que sua bancada também é contra aumentar o salário do ministro do Supremo, como prevê o projeto enviado pela presidente do tribunal, ministra Ellen Gracie, que está a espera de votação pela Câmara. O projeto aumenta dos atuais R$ 24.500 para R$ 25.700 a partir do próximo ano. "Não é adequado mudar mais uma vez o teto para cima. Isso vai alterar ainda mais a diferença salarial no serviço público", afirmou.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) propõe que seja definido um critério definitivo para os reajustes que, segundo ele, poderia ser a reposição da inflação ou a média dos reajustes concedidos aos servidores públicos. "Precisamos enfrentar a questão de maneira definitiva estabelecendo critérios razoáveis", defendeu Alencar, ressaltando que não concorda com a equiparação do salário dos deputados com o do ministro do Supremo.

Durante participação de um bate-papo no site da Agência Câmara com internautas, Rebelo foi bombardeado com perguntas e críticas sobre eventual aumento salarial dos parlamentares. Rebelo negou que o Congresso esteja tentando dar um reajuste aos deputados "na surdina". "A Câmara é a única instituição do País que dispõe de uma TV, uma emissora de rádio e uma agência para transmitir para todo o País todos os seus atos e todas as suas decisões. Não conheço outra, pública ou privada, que proceda da mesma forma", se defendeu.

Antes de tratar formalmente sobre aumento salarial, Rebelo espera a conclusão de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que foi encomendado pela Câmara para tentar dar mais racionalidade e mais transparência nos gastos pelos gabinetes dos deputados. Esse estudo deve ficar pronto, no máximo, até início do próximo mês.
por Rainério

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Fila Indiana

Imagine que os homens caminham pela face da Terra em fila indiana. Cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás. Na sacola da frente, nós colocamos as nossas qualidades. Na sacola de trás guardamos os nossos defeitos. Por isso durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos, presas em nosso peito. Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente nas costas do companheiro que está adiante, todos os defeitos que ele possui.
E nos julgamos melhores que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito.

Pense Nisto !!!

Faça Uma Boa Caminhada...

quarta-feira, novembro 22, 2006

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Vergonha de ser Honesto

O brasileiro Rui Barbosa, grande jurista e diplomata, notável escritor, além de extraordinário orador, deixou um escrito que nos faz refletir sobre a atual situação da nossa sociedade.

Escreveu ele: "de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto..."


A indignação de Rui Barbosa, ainda que tenha sido há muito tempo, faz sentido e é digna de nossas reflexões.

Pessoas que se deixam levar pela opinião da maioria, facilmente se enredam na desonestidade com a justificativa de que "todo mundo faz".

Esse é um lamentável equívoco, fácil de perceber com algumas reflexões.

Considere que você é um espírito livre e independente, que sobrevive à morte do corpo físico, e que receberá das leis da vida, conforme suas obras.

Considere, ainda, que você chegou ao mundo só, e só retornará, quando chegar a sua hora.

Você, e somente você, responderá por suas ações, ninguém mais.

Mesmo que "todo mundo faça", cada um será responsabilizado, individualmente, diante da própria consciência.

Dessa forma, não permita que essa onda de desonestidade e corrupção, que assola grande parte da população, arraste você também para o lodaçal.

Lembre-se de que diante da sua consciência você estará sempre só, sem testemunha de defesa, a não ser seus atos nobres.

Não vale a pena abrir mão do único patrimônio que realmente lhe pertence, que é a honradez, por algum dinheiro ou benefício escuso, que terá que deixar na aduana do túmulo.

A dignidade é o patrimônio mais valioso que alguém pode ter. Não o desperdice com coisas efêmeras que pertencem à terra.

E o que é mais interessante, é que até as pessoas desonestas preferem contar com pessoas dignas, em quem possam confiar... Estranho paradoxo!

Por mais que se diga que a desonestidade está em alta, temos visto verdadeiros impérios desabando por causa da falta de ética.

Temos visto empresas e instituições de prestígio, bancos sólidos, vindo abaixo por forjar resultados, fraudar documentos, enganar, extorquir...

Empresas que não trabalham com transparência estão perdendo seus investidores, que preferem apostar numa relação de confiança.

Pode-se perceber que no meio econômico a confiança ainda é o capital que mais atrai e multiplica o dinheiro.
Ninguém, em sã consciência, investe em instituições ou empresas nas quais não confia.

E é importante lembrar que as empresas são dirigidas por pessoas. E são as pessoas que dão confiabilidade ou não aos negócios.

Portanto, é sempre o indivíduo o portador dos valores morais capazes de gerar confiança, a única base capaz de sustentar tanto os negócios quanto as amizades.
Sem dúvida essas reflexões são oportunas e devem nos fazer pensar a respeito.

Afinal, se a desonestidade se tornar regra geral de conduta, o que será da nossa sociedade?

Portanto, vergonha de ser honesto: jamais!

Pense nisso, e não contribua para turvar o lago da esperança com os detritos da desonestidade.
por Rainério

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EUA dão ultimato de 7 dias ao Brasil

EUA dão ultimato de 7 dias ao Brasil para liberar os dois pilotos do Legacy, e IPM pode atingir Waldir Pires
Por Jorge Serrão
Exclusivo – Os Estados Unidos da América deram um ultimato ao governo brasileiro: se, em sete dias, não forem liberados os dois pilotos da ExcelAire, o Departamento de Estado norte-americano “virá buscá-los”. Ou melhor, Joe Lepore e Jan Paladino embarcam de volta para casa como "exilados". Os dois estão no Rio de Janeiro, impedidos de retornar ao seu país, porque seus passaportes estão retidos por um exagero da Justiça Federal – que se nega a liberar os documentos. Os norte-americanos já constataram que a verdadeira causa do acidente entre o jatinho Legacy e o Boeing da Gol (no dia 29 de setembro, matando 154 pessoas) foi a falta de segurança do controle do espaço aéreo brasileiro, sem investimentos necessários – fato que vem sendo alertado pelos EUA desde 2002.

Ao receber o recado dos EUA e diante da ameaça de um incidente diplomático com a Casa Branca, Lula ficou transtornado com Waldir Pires, e quer tirá-lo o mais depressa possível do Ministério da Defesa. O Comando da Aeronáutica também quer a cabeça de Pires, seu suposto superior hierárquico. Ao abrir um Inquérito Policial Militar para apurar se a Associação dos Controladores de vôo estaria agindo como um “sindicato”, o que é proibido por lei, induzindo militares a quebrarem a hierarquia, o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Luiz Carlos Bueno quer atingir Pires. No IPM, o ministro baiano corre o risco de ser enquadrado como o agente causador da insubordinação dos controladores de vôo, durante a crise de “apagão” do sistema do Cindacta. Pires tem tudo para acabar punido pelo Código Penal Militar – o que abriria uma crise do governo com as Forças Armadas.

A ordem, no gabinete de crise da Presidência, é desarmar tal bomba. A missão apaziguadora está a cargo do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General de Exército Jorge Félix. Mas o próprio Waldir Pires ajuda a alimentar a crise, armando sua “defesa prévia”. Ontem, o ministro da Defesa saiu em defesa dos controladores rebelados e de si mesmo. "A associação não agiu como sindicato. Absolutamente. Eles têm uma parte civil que tem ampla liberdade. Esses é que me procuraram". Pires sempre insiste que na reunião para a qual convidou o presidente da associação, um sargento controlador, ele foi levado lá em um carro do próprio Comando da Aeronáutica, com conhecimento e autorização do comandante da força, e foi muito cauteloso na conversa.

Waldir Pires jura que os controladores militares não fizeram reivindicações. “Foram muito cuidadosos. Disseram sempre que eram aspirações". Ao ser indagado se o IPM servia para intimidar os controladores, Pires provocou os militares: "Eu espero que eles sejam fortes. Eu daria um conselho a eles: sejam fortes. Nós somos cada vez mais dignos da vida, quanto mais pudermos resistir e tocar adiante, cumprindo sempre uma coisa essencial: preservem a segurança". E aconselhou: "Se por acaso o físico não resistir, não trabalhem. Agora, eu creio que somos capazes de resistir a muita coisa quando estamos mobilizados por dentro e estou vendo que eles estão com vontade e trabalhando”.

Revolta em silêncio das legiões

Nos bastidores, o Comando da Aeronáutica avalia que os controladores aproveitaram um momento em que estavam em evidência para reivindicar melhores salários e condições de trabalho, fugindo à disciplina militar.

Ainda no silêncio obsequioso das casernas, o Alto Comando da FAB também considera que, nesta crise, o governo desprezou o código militar e tratou dos controladores de vôo com lógica sindical

Para irritar ainda mais os oficiais da FAB e de todas as Forças Armadas, o governo petista ainda ameaça a segurança nacional, ao cogitar a transferência do controle do tráfego aéreo para a área civil.

Lula sabia dos problemas

A gestão “contingenciada” de recursos para as Forças Armadas, apenas para agradar ao FMI com mais superávit primário, é a principal responsável pela crise do setor aéreo.

O governo Lula não investe nos aeroportos e no controle de tráfego os R$ 1 bilhão e 900 milhões arrecadados com as tarifas aeroportuárias (taxas de embarque) pagas por passageiros e pelos donos das aeronaves.

Centenas de vôos são cancelados ou sofrem atrasos, fazendo com que passageiros percam horas nas filas dos galpões de embarque, porque o governo não usa o dinheiro público como deveria.

Objetivos do IPM

Além de atingir Waldir Pires (o que os militares jamais vão admitir publicamente), o IPM aberto pela Aeronáutica tem outros dois objetivos, durante 60 dias de investigações.

Primeiro, investigar a suposta operação-padrão realizada pelos controladores de vôos no fim do mês passado, considerada pela Aeronáutica a principal responsável pelo caos aéreo.

O problema é que tal operação padrão também foi causada pela pane no software do Cindacta, que está senso substituído.

Segundo, investigar o comportamento dos 150 militares de Brasília, responsáveis pelo Centro de Controle Aéreo (Cindacta-1), que respondiam pela área no momento da tragédia com o avião da Gol.

O IPM é tocado pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), sob delegação do Comando da Aeronáutica.

13 que azara o governo

Até amanhã, a Polícia Federal tomará os depoimentos de 13 controladores de vôo no inquérito que investiga o acidente com o Boeing da Gol.

Os dez controladores de vôo de Brasília e os três de São José dos Campos foram ouvidos pelo delegado Rubens José Maleiner, já que o delgado Renato Sayão, que preside o inquérito está de licença médica.

Os 13 profissionais operavam no controle aéreo no dia da colisão no ar do avião da Gol, que ia de Manaus para o Rio, com escala em Brasília, com o jato Legacy, fabricado pela Embraer, que partiu de São José dos Campos com destino aos Estados Unidos.

De quem foi o erro?

No dia do acidente, 29 de setembro, o Boeing da GOL deveria voar a 41 mil pés, como era de costume.

Mas sobrevoava o Mato Grosso a 37 mil pés, altura em que ocorreu o choque com o avião Legacy, que saiu de São José dos Campos (SP) com autorização para voar a 37 mil pés até chegar ao Aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus (AM). O plano de vôo original do Legacy previa três altitudes. Nesse trecho, 36 mil pés, e depois, 38 mil pés.

Já os pilotos do Boeing da Gol foram autorizados pelo Cindacta-4 (Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Manaus) a sobrevoar a 37 mil pés.

Não foi divulgado se o plano original do vôo previa 37 mil ou 41 mil.

Coragem para agredir

O ministro da Defesa, Waldir Pires, comentou ontem que não tem medo de voar e que tem feito isso com muita freqüência e sem problemas.

"A única coisa que eu posso dizer é que eu vôo de avião".

O ministro insistiu que pedirá um relatório ao Comando da Aeronáutica acerca das denúncias sobre três "quase acidentes" neste ano, conforme noticiado no fim de semana.

Segundo o ministro, a Aeronáutica assegura que não ocorreram estes "quase acidentes" e que não há problemas nos equipamentos de comunicação.

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Porque alguns animais demonstram inteligência?

O comportamento incomum de orangotangos em um pântano de Sumatra sugere uma resposta surpreendente

Poucos duvidam de que os seres humanos sejam as criaturas mais inteligentes do planeta. Muitos animais têm habilidades cognitivas especiais, que lhes permitem se dar bem em seus hábitats particulares, mas eles não resolvem problemas novos muito freqüentemente. Alguns fazem isso, e nós os consideramos inteligentes, mas nenhum é tão perspicaz quanto nós.

O que favoreceu a evolução de uma capacidade cerebral tão distinta nos nossos ancestrais hominídeos? Uma maneira de tentar responder a pergunta é examinar os fatores que podem ter moldado outras criaturas que demonstram grande inteligência e ver se essas mesmas forças teriam operado em nossos antecessores. Várias aves e mamíferos, por exemplo, são muito melhores em resolver problemas que elefantes, golfinhos, papagaios, corvos. Mas a pesquisa com nossos parentes mais próximos, os grandes macacos, certamente tende a ser reveladora.

Os acadêmicos propõem várias explicações para a evolução da inteligência dos primatas, linhagem à qual pertencem humanos e os grandes primatas (ao lado de outros macacos, os lóris e os lêmures). No entanto, nos últimos 13 anos, nossos estudos com orangotangos inesperadamente produziram uma nova explicação.

Uma tentativa de explicar a inteligência dos primatas credita o desenvolvimento de habilidades cognitivas fortes à complexidade da vida social. Tal hipótese, conhecida como "inteligência maquiavélica", sugere que o sucesso na vida social se fia no cultivo das amizades mais lucrativas e na leitura rápida das situações sociais. As demandas da sociedade favorecem a inteligência porque as criaturas mais inteligentes seriam as mais bem-sucedidas em se autoproteger e, portanto, em passar seus genes para a próxima geração. Características maquiavélicas, no entanto, podem não ser benéficas para outras linhagens, ou mesmo para todos os primatas, de modo que essa idéia, por si só, não é satisfatória.

É possível imaginar outras forças que promoveriam a evolução da inteligência, como a necessidade de dar duro para obter comida. Seria vantajosa a capacidade de descobrir com habilidade alimentos escondidos ou de lembrar a localização de fontes essenciais de comida. Essa esperteza seria recompensada com a passagem de mais genes para a geração seguinte.

Minha própria explicação, que não é incompatível com as outras, põe ênfase no aprendizado social. Entre os humanos, a inteligência se desenvolve ao longo do tempo. Uma criança aprende primariamente por meio da orientação de adultos pacientes. Sem estímulos sociais - ou seja, culturais fortes, mesmo uma potencial criança-prodígio terminará um adulto inepto. Hoje temos evidências de que esse processo de aprendizado social se aplica também aos grandes macacos, e eu acredito que, via de regra, os animais inteligentes são os culturais: eles aprendem uns com os outros soluções inovadoras para problemas ecológicos ou sociais. Em resumo, a cultura promove a inteligência.

Cheguei a essa proposta circunstancialmente, observando orangotangos nos pântanos da costa oeste da ilha de Sumatra, Indonésia. O orangotango é o único grande primata da Ásia, confinado às ilhas de Bornéu e Sumatra e famoso por seus hábitos solitários. Se comparado ao chimpanzé africano, esse macaco ruivo é sereno em vez de hiperativo, e socialmente reservado em vez de sociável. Ainda assim, descobrimos nele as condições que permitem o florescimento da cultura.

No começo, ficamos atraídos pelo pântano porque ele abrigava números desproporcionalmente altos de orangotangos - diferentemente das florestas secas da ilha, o hábitat úmido do pântano fornece comida em abundância para os macacos o ano todo, e pode ser usado para sustentar uma população grande.

Uma das nossas primeiras descobertas nos impressionou: os orangotangos criavam e usavam uma ampla variedade de ferramentas. Embora esses macacos ruivos sejam ávidos usuários de ferramentas em cativeiro, isso não costuma ocorrer entre animais selvagens. Mas os animais em Suaq são uma exceção impressionante. Eles confeccionam suas ferramentas com dois objetivos principais. Primeiro, para apanhar formigas, cupins e, sobretudo, mel (principalmente de abelhas sem ferrão) - muito mais do que orangotangos em outras regiões. Eles freqüentemente observam os troncos de árvore, prestando atenção ao tráfego aéreo para dentro e para fora de pequenos buracos.

Uma vez descobertos, os buracos se tornam foco de inspeção, primeiro visual e depois manual. Geralmente o dedo do orangotango não é comprido o bastante, e o animal prepara uma ferramenta com um graveto. Depois de inseri-la com cuidado, ele delicadamente a move para frente e para trás, então a retira, lambe e volta a enfiá-la no tronco. A maior parte dessa "manipulação" é feita com a ferramenta presa entre os dentes; somente os instrumentos maiores, usados para quebrar pedaços de ninhos de cupim, são manuseados.

O segundo contexto em que esses macacos usam ferramentas diz respeito ao fruto da Neesia. Essa árvore produz cápsulas lenhosas, pentagonais, de até 25 cm de comprimento 10 cm de largura. As cápsulas são recheadas de sementes marrons do tamanho de favas que, por conterem quase 50% de gordura, são altamente nutritivas - uma guloseima rara e muito procurada num ambiente natural sem fast-food. A árvore protege seus frutos criando uma casca muito dura. Quando as sementes estão maduras, a casca começa a rachar; as aberturas aumentam gradualmente, expondo as fileiras de sementes, que desenvolveram belos ligamentos vermelhos (polpa) que contêm até 80% de gordura. Para desencorajar os predadores, uma massa de espinhos afiados preenche a casca.

Os orangotangos em Suaq tiram a casca de ramos de árvore curtos e retos, que eles seguram na boca e inserem nas aberturas nos frutos. Ao mexer a ferramenta para cima e para baixo, separam as sementes de seus talos. Depois dessa manobra, jogam as sementes direto na boca. No final da estação, os orangotangos comem somente a polpa vermelha, usando a mesma técnica para alcançá-la sem se ferir.

Ambos os métodos de modificar gravetos para buscar comida são disseminados em Suaq. No geral, a "pescaria" em buracos nas árvores é ocasional e dura apenas alguns minutos, mas quando os frutos da Neesia se abrem, os macacos dedicam a maior parte do seu dia a extrair as sementes ou a polpa, e nós os vemos ficarem mais gordos e lustrosos a cada dia.

Influência Cultural
O que explica essa curiosa concentração do uso de ferramentas quando orangotangos selvagens em outros lugares mostram propensão tão baixa a ele? Duvidamos que os animais em Suaq sejam mais inteligentes: a observação de que a maioria dos membros da espécie em cativeiro é capaz de aprender a usar ferramentas sugere que a capacidade cerebral básica para fazê-lo está presente. A resposta poderia estar no seu ambiente. Os orangotangos estudados anteriormente viviam, em sua maior parte, em florestas de terra firme, e o pântano fornece um hábitat unicamente luxuriante. Mais insetos fazem seus ninhos em buracos nas árvores ali que nas florestas secas, e a Neesia só cresce em lugares úmidos perto de água corrente.

Por mais tentadora que soe a explicação ambiental, no entanto, ela não esclarece por que os orangotangos de várias populações fora de Suaq ignoram essa mesma riqueza de recursos alimentares. Tampouco justifica por que algumas populações que comem as sementes as colhem sem ferramentas (ingerindo, por conseqüência, muito menos que os orangotangos de Suaq). O mesmo é verdade para as ferramentas usadas em buracos de árvore. Hábitats de montanha são bastante comuns ao longo da zona de distribuição geográfica dos orangotangos; então, se é possível usar ferramentas nas áreas acima do pântano, por que não em todo lugar?

Também pensamos no velho adágio "a necessidade é a mãe da invenção". Como os animais de Suaq vivem numa densidade demográfica alta, competem muito mais por alimentos. Conseqüentemente, muitos ficariam sem comida a menos que pudessem acessar os suprimentos difíceis de serem alcançados - ou seja, eles precisam usar ferramentas para poder comer. O argumento mais forte contra essa possibilidade é que alimentos doces ou gordurosos que as ferramentas tornam acessíveis são os preferidos dos orangotangos e, portanto, deveriam ser procurados por esses animais em todo lugar. Por exemplo, os macacos ruivos em várias partes se submetem a sucessivas picadas de abelha para obter seu mel. Então, a idéia de necessidade tampouco pára em pé.

Uma possibilidade diferente é que esses comportamentos sejam técnicas inovadoras que alguns orangotangos espertos inventaram. Elas se espalharam e persistiram na população porque outros indivíduos as aprenderam de tanto observar esses especialistas. Em outras palavras, o uso de ferramentas é cultural. Um grande obstáculo ao estudo da cultura na Natureza, no entanto, é que, ao barrar a introdução de experimentos, não é possível demonstrar de forma convincente que o animal observado está inventando um truque novo e não simplesmente aplicando um hábito antigo, mas que não é praticado freqüentemente. Tampouco podemos provar que um indivíduo aprendeu uma nova habilidade de outro membro do grupo em vez de descobri-la sozinho. Embora possamos mostrar que orangotangos em laboratório são capazes de observar e aprender socialmente, esses estudos não nos dizem nada sobre a cultura na Natureza - nem por que ela surge ou quanto dela existe. Então, pesquisadores de campo tiveram de desenvolver um sistema de critérios para demonstrar que um dado comportamento tem base cultural.

Primeiro, o comportamento deve variar geograficamente, e dar mostras de ter sido criado em algum lugar, e deve ser comum no local onde foi descoberto, isto é, espalhou-se e persistiu numa população. Os usos de ferramentas em Suaq passam facilmente nos dois primeiros testes. O segundo passo é eliminar explicações mais simples que produzem o mesmo padrão espacial, mas sem envolver aprendizado social. Nós já excluímos uma explicação ecológica, na qual indivíduos expostos a um dado hábitat desenvolvem independentemente a mesma habilidade. Podemos eliminar também a genética, porque a maioria dos orangotangos cativos também é capaz de aprender a usar ferramentas.

O terceiro teste, e o mais revelador, é que deveríamos encontrar distribuições geográficas comportamentais passíveis de ser explicadas pela cultura e que não são facilmente esclarecidas de outra forma. Um padrão-chave seria a presença de um comportamento em um lugar e sua ausência além de dada barreira de dispersão. No caso dos usuários de ferramentas de Suaq, a distribuição geográfica da Neesia nos dá pistas decisivas. As árvores (e os orangotangos) existem em ambos os lados do largo rio Alas. No entanto, no pântano Singkil, imediatamente ao sul de Suaq e no mesmo lado do rio, o chão era coalhado de ferramentas, enquanto no pântano Batu-Batu, do outro lado do rio, elas eram ausentes, apesar de nossas inúmeras visitas em anos diferentes.

Em Batu-Batu, descobrimos que muitos dos frutos haviam sido abertos - prova de que os orangotangos ali comiam sementes de Neesia do mesmo jeito que seus colegas em um sítio chamado Gunung Palung, na distante Bornéu -, mas de forma completamente distinta da de seus primos do outro lado do rio, em Singkil.

Batu-Batu é uma área pantanosa pequena, assim comporta um número limitado de orangotangos. Não sabemos se o uso de ferramentas nunca foi inventado ali, ou se não pôde se manter numa população menor, mas sabemos que migrantes vindos do outro lado do rio nunca poderiam tê-lo trazido, porque o Alas é tão largo que é impossível para um orangotango atravessá-lo. Onde se pode passar, a Neesia cresce ocasionalmente, mas os orangotangos ignoram-na por completo, aparentemente sem ter conhecimento dessa riqueza. Uma interpretação cultural, portanto, é a explicação mais parcimoniosa para a justaposição inesperada de hábeis usuários de ferramentas e coletores brutos vivendo praticamente lado a lado.

Proximidade Tolerante
Por que vemos essas formas sofisticadas de uso de ferramentas em Suaq e não em outros locais? Para abordar essa questão, primeiro fizemos comparações detalhadas entre os sítios nos quais os orangotangos haviam sido estudados. Descobrimos que, mesmo quando excluíamos o uso de ferramentas, Suaq tinha o maior número de inovações disseminadas pela população. Essa descoberta provavelmente não é um artefato do nosso próprio interesse em comportamentos incomuns, porque outros sítios receberam muito mais atenção de cientistas ansiosos por descobrir inovações comportamentais aprendidas socialmente.

Imaginamos que populações cujos indivíduos tinham mais oportunidades de observar uns aos outros em ação apresentariam diversidade maior em habilidades aprendidas do que populações que oferecessem menos oportunidades do gênero. E, de fato, conseguimos confirmar que sítios nos quais os indivíduos passavam mais tempo com os outros têm um repertório maior de inovações aprendidas - relação que vale também para chimpanzés . Essa ligação era mais forte para comportamentos relacionados à comida, o que faz sentido, uma vez que obter técnicas alimentares de alguém requer observações mais cuidadosas do que, digamos, captar um sinal banal de comunicação.

Quando olhamos de perto para os contrastes entre os sítios, percebemos algo mais. Bebês orangotangos em toda parte passam mais de 20 mil horas diurnas em contato próximo com a mãe, agindo como aprendizes entusiasmados. Em Suaq, no entanto, vimos também adultos passando um tempo considerável juntos enquanto procuravam comida. Diferentemente de qualquer outra população de orangotangos estudada até agora, eles até mesmo se alimentavam do mesmo item, geralmente ramos cheios de cupins, e dividiam comida - a carne de lóris, por exemplo. A proximidade e a tolerância pouco ortodoxas permitiam a adultos menos hábeis chegar perto o suficiente para observar métodos de obtenção de comida, algo que eles faziam tão avidamente como as crianças.

Aprender algumas invenções que demandam nível maior de cognição, como o uso de instrumentos, provavelmente requeira maior proximidade com indivíduos- proficientes, bem como vários ciclos de observação e prática. A implicação dessa necessidade é que mesmo que os bebês aprendam virtualmente todas as habilidades da mãe, uma população só será capaz de perpetuar inovações específicas se houver professores tolerantes, que não sejam as mães, por perto; se mamãe não é particularmente habilidosa, especialistas estarão disponíveis, e um jovem ainda poderá aprender as técnicas sofisticadas que aparentemente não vêm de forma automática. Assim, quanto mais conectada for a rede social, maior será a probabilidade de o grupo reter uma habilidade inventada, de forma que, no final, populações tolerantes mantenham um número maior desses comportamentos.

Nosso trabalho com animais selvagens mostra que o aprendizado na Natureza, mais do que simples condicionamento, pode ter um componente social, ao menos em primatas. Em comparação, a maioria dos experimentos de laboratório que investigam como os animais aprendem têm como objetivo revelar as habilidades individuais de aprendizado do sujeito. De fato, se o quebra-cabeça do psicólogo de laboratório fosse apresentado em condições naturais, onde uma miríade de estímulos compete por atenção, o sujeito poderia nunca se dar conta de que um problema aguardava solução. Na Natureza, ações dos animais mais sabidos da comunidade serve para concentrar a atenção dos mais ingênuos.

Raízes da Inteligência
Nossas análises de orangotangos sugerem que a cultura - aprendizado social de habilidades especiais - não só promove a inteligência como favorece a evolução de uma inteligência cada vez maior na população com o passar do tempo. Diferentes espécies variam muito nos mecanismos que permitem a seus indivíduos aprender uns com os outros, mas experimentos formais confirmam a forte impressão que se tem com a observação de grandes primatas na Natureza: eles são capazes de aprender ao observar o que os outros fazem.

Assim, quando um orangotango selvagem ou um grande macaco africano exibem um comportamento cognitivamente complexo, eles o adquiriram por meio da mistura de aprendizado observacional e prática individual, mais ou menos como uma criança humana refina suas próprias habilidades. E, quando um orangotango em Suaq adquiriu mais truques do que seus primos menos sortudos em outros lugares, ele o fez porque teve oportunidades maiores de aprendizado social. Em resumo, o aprendizado social pode catapultar o desempenho intelectual de um animal a um plano mais elevado.

Para apreciar a importância de estímulos sociais para a evolução de uma inteligência cada vez maior, imagine um indivíduo que cresce sem nenhum incentivo social e, ainda assim, recebe todo abrigo e comida de que necessita. A situação é equivalente àquela em que não existe nenhum contato entre as gerações ou em que os jovens se viram sozinhos depois que saem do ninho. Agora, imagine que alguma fêmea nessa espécie invente uma habilidade útil - por exemplo, como abrir uma noz. Ela se dará bem e provavelmente terá mais filhotes do que outras na população. A menos que a habilidade seja transferida para a geração seguinte, ela desaparecerá para sempre quando essa fêmea morrer.

Agora, imagine uma situação na qual os filhotes acompanham a mãe durante algum tempo antes de se virar sozinhos. A maioria aprenderá a nova técnica com a mãe e, assim, irá transferi-la para a próxima geração. Esse processo geralmente aconteceria em espécies de desenvolvimento lento e associação longa entre um dos pais e a prole, mas teria um impulso forte se vários indivíduos formarem grupos socialmente tolerantes.

Para animais desse tipo que vivem em sociedades tolerantes, a seleção natural tenderá a recompensar mais um ligeiro aprimoramento na capacidade de aprender através da observação que um aumento similar na capacidade de inovar. Isso porque, em uma sociedade assim, um indivíduo pode se apoiar nos ombros daqueles da geração presente e das passadas. Esperamos, então, ver um círculo virtuoso, no qual os animais sejam capazes de se tornar mais inovadores e desenvolver melhores técnicas de aprendizado social, atividades conhecidas como subjacentes à inteligência. Então, ser cultural predispõe uma espécie com algumas capacidades inovadoras a evoluir na direção de uma inteligência cada vez maior. O que nos traz à nova explicação para a evolução cognitiva.

Essa nova hipótese ajuda a entender um fenômeno que de outra forma seria intrigante. No século passado, muitas pessoas criaram filhotes de grandes primatas como se fossem crianças humanas. Os assim chamados macacos aculturados adquiriram um conjunto surpreendente de habilidades e imitavam sem esforço comportamentos complexos. Eles entendiam, por exemplo, o sentido de apontar algo e até mesmo alguma coisa da linguagem humana, criando desenhos e tornando-se pregadores de peças bem-humorados. Experimentos realizados por E. Sue Savage-Rumbaugh, da Universidade Estadual da Geórgia, com o bonobo Kanzi, revelaram habilidades lingüísticas impressionantes.

Embora muitas vezes desprezados por falta de rigor científico, esses casos consistentemente replicados revelam o potencial cognitivo incrível que jaz adormecido nos grandes primatas. Podemos não apreciar por inteiro a complexidade da vida na selva, mas acredito que esses macacos aculturados realmente se tornaram superqualificados. Num processo que abarca a história da evolução humana, um grande macaco criado como humano pode ser elevado a picos cognitivos mais altos do que os de qualquer um de seus colegas selvagens.

A mesma linha de pensamento resolve o velho enigma de por que muitos primatas em cativeiro usam prontamente - e às vezes até fabricam - ferramentas, quando suas contrapartes na Natureza parecem não ter essas urgências. A sugestão, freqüentemente aventada, de que eles não precisam de ferramentas, cai por terra com a observação de orangotangos, chimpanzés e macacos-prego. Algumas dessas ferramentas dão acesso à melhor comida em seu hábitats naturais ou os ajudam durante períodos de escassez. O enigma é resolvido se percebemos que dois indivíduos da mesma espécie podem diferir drasticamente no seu desempenho intelectual, dependendo do meio social no qual cresceram.

Os orangotangos são o exemplo máximo desse fenômeno. Eles são conhecidos como mestres da fuga no mundo dos zoológicos por destravar com sagacidade a porta da jaula. Mas as observações de animais na Natureza, apesar de décadas de monitoramento minucioso, revelou poucas conquistas tecnológicas fora de Suaq. Indivíduos capturados na Natureza geralmente nunca se acostumam à vida em cativeiro, mantendo sempre uma profunda timidez e desconfiança dos humanos. Mas macacos nascidos em zoológicos consideram seus tratadores modelos a seguir, prestam atenção a suas atividades e aos objetos jogados em seus cercados, aprendendo a aprender e, assim, acumulam várias habilidades.

A teoria da inteligência através da cultura prediz que os animais mais inteligentes tendem a viver também em populações nas quais o grupo inteiro adota rotineiramente inovações introduzidas por seus membros.

Mas esse prognóstico não é testado facilmente. Animais de linhagens diferentes variam tanto em suas capacidades e em seu modo de vida que uma medida única para o desempenho intelectual é difícil de encontrar.

Por enquanto, podemos nos perguntar se as linhagens que demonstram sinais inegáveis de inteligência têm cultura baseada na inovação, e vice-versa. Reconhecer-se no espelho, por exemplo, é um sinal pouco compreendido, mas inconfundível de autoconsciência, algo considerado um sinal de alta inteligência. Até agora, os únicos grupos de mamíferos que passam nesse teste são os grandes primatas e os golfinhos, os mesmos animais que são capazes de entender muitos símbolos arbitrários e que mostram as maiores evidências de que aprendem por imitação.

O uso flexível de ferramentas é baseado em inovação, outra expressão da inteligência, tem uma distribuição mais ampla entre os mamíferos: pequenos e grandes macacos, cetáceos e elefantes - todas as linhagens nas quais o aprendizado social é comum. Embora até agora somente testes muito grosseiros possam ser feitos, eles defendem a hipótese da inteligência através da cultura.

Outra predição importante é que as propensões para a inovação e para o aprendizado social devam ter coevoluído. Simon Reader, hoje na Universidade de Utrecht, Holanda, e Kevin N. Laland, hoje na Universidade St. Andrews, Escócia, descobriram que espécies de primata que demonstram mais sinais de inovação são as que revelam interesse maior no aprendizado social. Outros testes indiretos se fiam nas correlações entre o tamanho relativo do cérebro (depois de corrigir estatisticamente para o tamanho do corpo) e variáveis sociais e de desenvolvimento. As correlações bem estabelecidas entre o gregarismo e o tamanho do cérebro em grupos de mamíferos são consistentes com a idéia.

Embora a nova hipótese não seja suficiente para explicar por que nossos ancestrais, únicos entre os grandes primatas, evoluíram tal inteligência extrema, a habilidade notável dos grandes macacos de se elevar intelectual-mente em ambientes culturalmente ricos faz esse abismo parecer menos formidável. A explicação para a trajetória histórica da mudança implica vários detalhes que devem ser unidos de forma minuciosa com um registro fóssil e arqueológico esparso e confuso. Muitos pesquisadores suspeitam que uma mudança-chave foi a invasão da savana pelo Homo arcaico, portador de instrumentos. Para escavar tubérculos e descarnar e defender carcaças de mamíferos maiores, eles precisaram trabalhar coletivamente e criar estratégias e ferramentas.

Essas demandas abriram caminho para mais inovação e interdependência, e a inteligência cresceu como bola-de-neve.

Ao nos tornarmos humanos, a história cultural começou a interagir com a habilidade inata de melhorar o desempenho. Cerca de 150 mil anos depois da origem da nossa própria espécie, expressões sofisticadas do simbolismo humano, como artefatos não-funcionais finamente trabalhados (arte, instrumentos musicais e oferendas fúnebres) emergiram. A explosão da tecnologia nos últimos 10 mil anos mostra que estímulos culturais podem soltar as amarras para conquistas sem limite, tudo isso com cérebros da Idade da Pedra. A cultura, de fato, pode construir uma mente nova com um cérebro velho.
por Rainério

domingo, novembro 19, 2006

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O Espiritismo cresce


O espiritismo cresce e aumenta o número de celebridades que acreditam em reencarnação.
13/11/2006 ( Postado por Reynollds)

Os espíritos estão em todo lugar. Basta ligar a TV. Na novela O Profeta, eles dão o poder da premonição ao protagonista Marcos, interpretado por Thiago Fragoso - e uma antecessora recente, Alma Gêmea, que era sustentada por uma história de reencarnação, rendeu a maior audiência de uma novela das seis em dez anos. Em Páginas da Vida, a falecida Nanda (Fernanda Vasconcellos) visita o pai, Alex, papel de Marcos Caruso, e a filha com síndrome de Down, Clara. Nos canais fechados, então, há uma onda de séries sobre o sobrenatural. São 14, fictícias ou documentais, que exploram a reencarnação e a comunicação com outras almas. Uma delas, Ghost Whisperer, estreou nos Estados Unidos em 2005 com 11,4 milhões de espectadores. No Brasil, este ano, tem sido o programa mais visto no horário. O que também vale para Psychic Detectives.

Aqui, a crença em entidades do além é amparada principalmente pelo espiritismo e a onda vem acompanhada de uma mudança de perfil da religião. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o espiritismo tem hoje 20 milhões de adeptos - cresceu 40% em cinco anos, principalmente nos Estados mais ricos e escolarizados. Quem professa essa fé tem renda 150% superior à média nacional, e 52% ganham mais de cinco salários mínimos. Estes novos seguidores valorizam as explicações racionais para a vida após a morte. A leitura e a meditação se tornam mais importantes do que as sessões de mesa branca e as operações sem anestesia, afirma a antropóloga Sandra Jacqueline Stoll, da Universidade Federal do Paraná.

Leia matéria na íntegra na Revista Quem