terça-feira, janeiro 16, 2007

Paraibano pode ser o homem mais alto do País

Quase 2,30 metro de altura, palma da mão de 30 centímetros, mais ou menos 130 quilos de peso e um pé que exige sapatos tamanho 58. Os números que descrevem o “gigante” Joelison Fernandes da Silva, de 21 anos e que em breve poderá ser considerado o maior homem do Brasil, não dão conta de quem realmente ele é. Fã de jogos de vídeogame, louco por sinuca e com muita dificuldade para arrumar namorada, o rapaz que morou a vida inteira na zona rural do município de Assunção, a 230 quilômetros de João Pessoa, não passa de um menino grande.

Os olhos de Joelison revelam uma tristeza maior que ele ao contar das dificuldades que sempre enfrentou na escola, onde já chamava atenção por ser bem maior do que seus coleguinhas de sala. “Eu sempre tive dificuldade de sentar nas carteiras da escola, problema que eu vivo até hoje”, lembra. Além disso, a pobreza em que a família vive o fez largar os estudos na 4ª série, mas o tamanho também atrapalha a execução das tarefas do dia-a-dia no roçado da família. Enxadas e outros instrumentos têm que ser adaptados à altura fora do comum.

O resultado é um menino que mal fala, não gosta de encarar as pessoas com quem conversa, mas é só sorrisos ao receber os carinhos da família que o recebeu em João Pessoa, onde ele está desde segunda-feira, dia 8, em busca de ajuda para se manter. Afinal, roupa para vestir um homem tão grande exige confecção sob encomenda – para costurar uma camisa para Joelison são necessários 2 metros de tecido, metragem que sobe para 3 no caso das calças. “A gente tem muita dificuldade para se manter e ainda providenciar roupa para ele”, conta a mãe do rapaz, a agricultora Divonilde Fernandes da Silva, que tem mais quatro filhos, todos de estatura mediana.

Divanilde conta que percebeu que o filho estava crescendo mais do que as outras crianças quando ele tinha 8 anos, mas achou que com o tempo ele pararia de crescer. Ela não sabe se isto já aconteceu porque não mede com freqüência o rapaz e, para ela, ele não passa de um menino. “A gente se acostuma com o tamanho dele e não percebe mais se continua crescendo, além de que, para uma mãe, um filho é sempre um bebezinho”, derrete-se.

Uma das preocupações da família de Joelison e também dos amigos que os receberam na capital é fazer com que o rapaz seja aceito sem preconceitos, mas sabem que é impossível dar uma volta com ele na rua sem chamar atenção. Até mesmo em Assunção, onde as pessoas o conhecem, um simples passeio gera olhares de curiosidade, o que intimida o rapaz, que se retrai e acaba evitando estes programas.

Estar perto de Joelison é uma experiência e tanto e não é de se estranhar a curiosidade que ele provoca. Ao cumprimentá-lo, qualquer um se sente muito pequeno ao ver a própria mão ficar escondida no palmo de 30 centímetros dele. Os amigos acham que ele precisa de uma namorada, mas brincam dizendo que uma mulher para ele só se encontra no Sul. “E tem que ser uma ‘gauchona’”, brinca a mãe.

Apesar das brincadeiras e de ter uma saúde aparentemente forte, as necessidades são muitas, mas a família está recebendo ajuda de algumas pessoas. Uma loja de tecidos se comprometeu ontem a fazer uma doação para que ele possa fazer roupas e algumas pessoas já se dispuseram a doar cestas básicas. Há uma promessa de um médico fazer um check up para confirmar se está mesmo tudo em ordem com a saúde dele, mesmo que ele garanta não sentir dores nem mesmo nas articulações. A família, que nunca investigou a razão do crescimento do filho, agora vai poder entender o que aconteceu.

Mas a ajuda mais inusitada veio de um fabricante de calçados, que enviou um engenheiro de produção na terça-feira para tirar as medidas dos pés de Joelison e produzir seis pares de tênis sob encomenda, que chegam em torno de 20 dias. Quem está com a sensação de dever cumprido no meio disso tudo é Einstein Melo, que morou seis meses em Assunção e resolveu ajudar a família, trazendo-os para passar uns dias em João Pessoa. “Vi que eles precisam de um apoio e que ele precisa de acompanhamento, por isso estou mobilizando muita gente para ajudá-los”, conta.
por Rainério

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