domingo, setembro 17, 2006

Serra anuncia que entrará na Justiça contra Vedoin

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, disse que seus advogados entrarão amanhã com uma notícia-crime contra o empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, que o acusou de integrar a máfia dos sanguessugas no tempo em que foi ministro da Saúde. A denúncia foi publicada na edição desta semana da revista IstoÉ. Serra, que participou de um comício em São Miguel, na zona leste de São Paulo, disse não ter evidências de que somente um partido - no caso, o PT - tenha participado do que chamou de 'baixaria primitiva, destinada a enganar eleitores em cima da hora'. Ele não disse qual seriam as outras legendas envolvidas.

Na opinião de Serra, o mais importante agora é descobrir de onde saiu o R$ 1,75 milhão encontrado com dois dos presos pela Polícia Federal na sexta-feira: o ex-tesoureiro do PT Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos, que pagariam pelo dossiê contra os tucanos. 'Dinheiro não nasce em árvore, ainda mais R$ 1,75 milhão. A sociedade brasileira precisa saber de onde veio esse dinheiro e qual era o seu destino', disse o tucano.

O candidato disse que tudo está sendo investigado pela Polícia Federal e a Justiça, que são as instâncias adequadas para o caso. 'A denúncia é um amontoado de mentiras e nossos adversários estão organizando baixaria porque estamos bem à frente nas pesquisas. É lamentável que isso ainda ocorra no Brasil', disse o candidato.

Em sua fala em comício para militantes do PSDB e dos demais partidos da sua coligação, Serra comparou a denúncia de Vedoin a ocorrências de outras campanhas de que participou. 'Na campanha para a prefeitura, puseram um homem em cadeira de rodas para falar mal de mim. Nessa mesma campanha, nossos adversários disseram que eu estaria vendendo minha casa por R$ 1, como se eu fosse um idiota', comentou.

Em seguida, o candidato conclamou os militantes a conquistarem votos para ele e o candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin. Serra disse que pode ganhar no primeiro turno, mas a eleição não está definida ainda. 'Não estou apostando nisso (na vitória em primeiro turno), mas ganharemos no segundo. Vamos levar o Alckmin para o segundo turno para cobrar do Lula onde está o mensalão.'


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O dinheiro destinado a comprar material para tentar acusar candidatos tucanos de ligação com a máfia dos sanguessugas veio de um representante da Executiva Estadual do PT em São Paulo. A informação foi passada à Polícia Federal nos depoimentos dos dois intermediários da venda presos na sexta-feira - o empresário petista Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos.

Segundo a Polícia Federal, eles não revelaram o nome do representante, mas deram uma descrição física detalhada do emissário petista, as circunstâncias do encontro e até roupa que ele usava na ocasião. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, não quis comentar a informação.

Os dois intermediários foram presos num hotel de São Paulo na manhã de sexta-feira com R$ 1,75 milhão, em notas de dólar e real. Eles tinham agendado encontro com Luiz Antônio Vedoin e o primo dele, Paulo Roberto Trevisan, que trariam dossiê relacionando o candidato tucano ao governo, José Serra, e o candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, com o esquema de venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras, a partir de emendas de parlamentares ao orçamento federal. Vedoin é um dos donos da Planam, empresa que funcionava como pivô do esquema, e foi detido em Cuiabá após a prisão dos intermediários.

Gedimar Passos deu uma descrição detalhada do dirigente petista que teria lhe entregue o dinheiro para pagar pelo material. Ele e Valdebran Padilha informaram à PF que a cabia a eles avaliar a qualidade do material oferecido por Vedoin. Também seriam os dois intermediários os responsáveis pela divulgação, visando prejudicar as candidaturas tucanas.

No depoimento, eles contaram que houve dificuldade em levantar o dinheiro e que, inicialmente, Vedoin pediu R$ 20 milhões. Com o primo de Vedoin - também preso, na noite de quinta-feira, quando embarcava para São Paulo - foram encontrados uma fita de vídeo, um DVD, uma agenda e seis fotos. As imagens mostram a filmagem da entrega de 40 ambulâncias, adquiridas da Planam, para prefeituras do Mato Grosso, quando Serra era ministro da Saúde.

Algumas imagens também mostram Alckmin, então governador paulista. Depois de muita negociação, o negócio teria sido fechado em R$ 2 milhões - quantia que o Diretório Estadual do PT não possuía na totalidade, segundo Gedimar Passos. O primo de Vedoin, Paulo Trevisan, havia sido posto em liberdade na sexta-feira, após depor à PF. Neste sábado, ele voltou a ser preso, por determinação da Justiça federal em Mato Grosso. Padilha e Pereira devem ficar presos por cinco dias e ser transferidos para Cuiabá.

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