sexta-feira, setembro 15, 2006

A ARITMÉTICA DE ZAMPATATON-por Jesus Fonseca

A Aritmética de Zampataton

Por: Jesus Soares da Fonseca

Zampataton é um personagem da literatura infantil holandesa, de René Groenen, que eu costumava ler na minha infância, quando estudava num seminário dirigido por padres holandeses. Zampataton era um indivíduo humilde, aparentemente bobo, de “ar” sério, razão de ser considerado em sua aldeia, como sábio.

Lendo a ISTOÉ/TIME, desta semana, de número 1925, na página 27, deparei-me com uma reportagem assaz interessante: A Matemática dos Tucanos. O bojo da matéria reza que o comando de campanha da TV do Senhor Geraldo Alckmin está inabalável, com convicção plena que haverá segundo turno. Até aí, tudo bem, cada um tem o direito de pensar como bem entende, mesmo indo de encontro às predições dos institutos de pesquisas, até o momento, se não fosse o motivo alegado para a tese, a matemática de Zampataton. Será que eu esteja confundindo o caráter daquele personagem?

Nos prognósticos “zampatatônicos” da matéria é dito que, historicamente, 25% dos eleitores decidem seu voto nas últimas horas, muito embora, eu não saiba a que história ela se refere, pois, é sabido que eleições diversas têm caráter totalmente diferenciado, época a época, dependendo de fatores atinentes a cada pleito. Lá, naquela elocução, também, está escrito que poderá haver, entre abstenções, votos brancos e nulos, um percentual girando em torno de 23%, novamente, na ânsia de se auto enganar, fazendo afirmações convincentes, como se o evento tivesse as mesmas conotações eleitorais de outras eleições.

Depois desta parafernália de cálculos histriônicos, chega-se a uma estapafúrdia conclusão de que haverá 90 milhões de votos válidos, dos quais 44% irão para Lula, 33% para a borjaca de Alckmin, 10% no cesto de Heloisa Helena e 4% para Cristovam Buarque e os nanicos. Quero salientar que o termo Nanico, aqui, usado, é como está posto na reportagem da Revista. Pronto! Segundo turno à vista, pois a soma de votos dos demais ultrapassa a de Lula.

Acontece que Zampataton tinha bom coração, mas seu cérebro funcionava inversamente proporcional à sua bondade. Acompanhando o raciocínio desta “jóia”, digno de sacudir os restos mortais de Arquimedes ou de Pitágoras, no túmulo, verificamos que, se o Brasil tem, para estas eleições, 123.599.207 eleitores qualificados, um percentual de 23% de votos brancos, nulos e abstenções, como eles querem, são iguais a mais de 95 milhões de votos válidos e não 90 milhões, como alude a matéria

Por outro lado, tomando como exemplo, esta última enquête do Data-Folha, vimos que os indecisos são 10%, percentual este, que se mantém dentro de uma margem de erro de 2 para menos ou para mais, em quase todas as pesquisas dos diversos institutos. Aonde, pois, foram encontrar 25% dos que escolhem seus votos de última hora? Mesmo assim, porque estes indecisos terão que escolher todos em favor dos demais candidatos e contra Lula? É muita pretensão! Ou desespero! Outrossim, numa pesquisa eleitoral, a variação de um percentual não acontece pelo acréscimo ou decréscimo do montante.
A intenção de votos válidos em favor de Lula é de 56% contra 44% de todos outros candidatos somados, atualmente. No Piauí, ou em qualquer outro estado, por exemplo, este percentual pode ser o mesmo, 56% versus 44%, só que aplicado em cima de outro montante, no caso, muito menor. A intenção de votos é encontrada através de pesquisas, demonstrando a vontade de escolha do eleitor a determinado candidato. 56% são 56% em cima de qualquer somatório.

Todavia, satisfazendo os números “tucanocratas”, teremos 25% (eleitores indecisos, segundo eles) aplicados sobre 90 milhões de votos válidos (segundo cálculos tucanos) que nos dão um montante de 22.500.000 dos tais eleitores indecisos. Dos 67.500.000 que já opinaram (90 milhões – 22.500.000), 37.800.000 votos seriam para Lula (56% percentual da última pesquisa Data-Folha) e 29.700.000 (44%) ficariam para os demais candidatos. Haveria, então, segundo turno se, daqueles indecisos (22.500.000, segundo eles), 68% votassem em Geraldo Alckmin e Cia. Como dá para se notar, na matemática tucana, foi adicionado o pó de “pirlimpimpim” invertendo, magicamente, as intenções de voto de Alckmin, de 28 para 68%, em menos de três semanas para o pleito.

Então, está configurada mais uma armação, mais uma tentativa de engodo para drogar a mente do eleitor! Aliás, tudo está sendo aproveitado para driblar nossas opiniões. No Jornal das Dez, de 13/09/2006, André Trigueiro, apresentador, leu o “script”, antecipadamente, preparado, argüindo ao “indefectível” Merval Pereira se: “este caso das cartilhas não deveria tirar pontos de Lula?” O mísero analista, Merval, com aquele “ar” de quem está prestes a ter um infarto, respondeu que este seria o dever do eleitor, mas do jeito que a coisa anda, talvez não influencie em nada! E como é que a coisa anda? Simples! Se o descuidado cidadão acreditar nas baboseiras que lhe são impostas pela grande parte, dos meios de comunicação, agregada à penúria de Alckmin, tentando tira-lo do purgatório eleitoral, certamente, a coisa deverá andar correta! Ao contrário, se o cidadão for esperto e fizer ouvido de mercador a tantas parlapatices, a coisa andará mal, esta é a filosofia matreira que eles pregam!

A propósito, falando em Globo-News e seu Jornal das Dez, Ari Toledo deve se cuidar, pois a concorrência em comicidade, ali, está enorme, quando se trata de análise política. De um lado, Merval Pereira, com cara de choro, do outro, Cristiana Lobo, com um sorriso meio amarelado, gaguejando, forçada a dizer o que não pensa, mas, o que decorou, previamente, ambos respondendo a perguntas cujas respostas já estão nos “scripts” dos apresentadores Mônica Waldvogel, André Trigueiro e Carlos Monforte. Vez por outra surge a presença de Teresa Cruvinel e Joyce Pascowitch, aí vira de vez, circo sem empanada.

Mais recentemente, foram ao fundo do poço da desesperação e de lá arrancaram o pobre Villas-Boas Correia, a fim lançar todos os seus impropérios contra o que sempre julgou inútil ao Brasil, a Classe Pobre. Já iniciou sua desditosa volta comentando sobre a vida pregressa de Lula e seus familiares.

Villas-Boas Correia! Quem diria! Mais um Ponta-de-Lança contratado às pressas para reforçar a Seleção do Desespero. Jogado às traças por aqueles que sempre bajulou, esquecido dentro de um pijama, quebrando seus últimos cacos de dente no desespero dos escribas malfadados, curva-se, novamente, por força das circunstâncias, aos seus algozes que lhe forçaram uma aposentadoria mesquinha. A subserviência e o preconceito, para determinados elementos, fazem uma composição química tão perfeita quanto duas moléculas de Hidrogênio e uma de Oxigênio. Só que esta composição é a necessidade premente do ser humano e de qualquer vida sobre a Terra, enquanto, aquela outra é, justamente, o oposto, a degradação, a concupiscência da espécie humana. Seria, até, um bom jornalista e teria seu nome escrito e lembrado na Arte da Literatura Jornalística se não fôra a baixeza de escrever, apenas, o que lhe ditavam os patrões, a troco de qualquer "tostão". Que pena! Sua volta aos gramados é mais melancólica do que daquele atleta que um dia supusera ser brilhante e que agora, vaga pelos campos de futebol dos subúrbios de uma cidadezinha qualquer do interior, para não morrer de fome!

1 comentários:

Unknown disse...

Jesus, tenho notado que o amigo gosta de defender Lula e atacar os Tucanos....é impressão minha?