domingo, setembro 10, 2006

JORNALISMO DISTANTE DOS PADRÕES MÍNIMOS

Se o jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter, como disse o jornalista Cláudio Abramo, o tratamento que a grande imprensa brasileira tem dado a certas questões nacionais, como o que a revista Veja chamou de "Golpe sujo: a história secreta da mais grave crise do governo Lula", está distante de padrões mínimos, tanto das técnicas como da ética jornalística. Isso porque se espera que dentro dos padrões liberais da profissão, vinculada ao interesse público, devem constar os elementos constitutivos do fazer jornalístico. Dentre os quais relembramos a obrigação com a verdade, a lealdade com os cidadãos e a disciplina de verificação, isto é, de apuração da verdade dos fatos.

Na apuração, enquanto técnica, deveriam impor-se a transparência na relação com as fontes, a revelação do interesse delas em fornecer as informações, a comprovação dos fatos e a resistência em acrescentar ilações que não podem ser sustentadas. No caso das acusações contra o governo, o presidente posicionou-se em defesa da completa apuração, ciente de que um governo sério e democrático promove a transparência. Uma democracia madura aperfeiçoa os instrumentos de controle político, e não o contrário. O partido confessou seu pecado. Substituiu dirigentes, expôs parlamentares, abriu o sigilo fiscal, bancário e telefônico. Mais vasculhado do que o PT, nenhum outro partido, nem mesmo na época da ditadura militar. A grande imprensa brasileira deve uma satisfação responsável e conseqüente ao povo brasileiro, porque nos últimos anos trata o jornalismo como o relato da anomalia.

Notícia, hoje, é avião que cai ou atrasa muito, não aviões que decolam e pousam mais ou menos no horário, aliás, a avassaladora maioria. Em Rondônia, a Polícia Federal desvendou um esquema de fraudes e trambicagem envolvendo integrantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. As manchetes avassaladoras davam conta de que a maioria dos deputados é trambiqueira e os nomes dos 23 parlamentares corruptos saíram nos jornais. Porém, o do honesto desconhecido, Nari Firigolo, único deputado estadual não envolvido no esquema de corrupção, ficou no anonimato. Talvez por ser ele do partido do presidente da República, ou porque "isso não é noticia".

Assim como ele, estão também no anonimato milhões de brasileiros que, em estado de mendicância, não existem para a imprensa. Num país em que valores como ética e honestidade são relegados ao desdenho, o exemplo de Nari Firigolo chega a agredir a "normalidade" nacional. Parece que sua honestidade é uma vergonha para a categoria. É hora de todos lembrarem que ética e honestidade são a regra, e não a exceção do jogo.

O Piauí é um estado que nos últimos três anos e sete meses de administrações petistas tem dado exemplo de organização administrativa e lisura na coisa pública, fato que assim como a postura do solitário deputado de Rondônia não representa furo para o jornalismo contemporâneo. A imprensa brasileira, no afã do furo jornalístico, cometeu erro primário quando tratou do "maior esquema de corrupção da história recente do Brasil": não provou o que publicou. Na apuração do suposto escândalo, a imprensa não primou pela obrigação com a verdade, pela lealdade com os cidadãos e a apuração dos fatos. Queda de avião é fato de relevância jornalística, mas também a honestidade de trabalhadores.

Resposta do jornalista Marcelo Soares

Parabéns Jornalista Laércio ! Concordo em todos os aspectos , embora seu colega tenha discordado com sua alegação de um breve perfil. Pode aguardar que os defensores da opinião pública não tardarão à cumprir suas tarefas , democráticas é verdade, e logicamente lhe chamarão de petista! São os que acreditam piamente na farsa do maior esquema de corrupção da história. Contudo meu dever de cidadão é refrescar a memória dos brasileiros, pois se dependermos da mídia grande concluiremos que a pilhagem ao erário iniciou em 2003. Se acharem os números superdimensionados podem ter certeza que é o resultado sermos leitores dos jornalões e revistecas e subconscientemente repetir sua maneira de informar , somente divergindo do conteúdo . Mas do que o músico Wagner Tiso está falando? De muitas coisas, entre elas, o texto de sua carta ao Globo trata de uma reação a uma outra carta, esta escrita pelo ator Carlos Vereza que acusa de criminosos e cúmplices todos os artistas e intelectuais que defendem o Partido dos Trabalhadores.

Mas o músico Wagner Tiso, com seu velho coração de estudante, fala de coisas mais graves do que a carta degradante do ator contratado pela Rede Globo. Wagner Tiso fala e refresca a nossa memória tentando reconduzir a todos nós para o fecundo debate sobre a ética. Durante um ano e meio toda a direita e quase toda a mídia deste país tentou promover o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula como responsáveis pelo suposto maior esquema de corrupção já visto na história.

Vamos aos números: A direita depois de muito esforço apurou cerca de 50 milhões de reais em desvios chamados caixa 2 de campanha, o caso também recebeu o nome de mensalão. Não se pode negar as irregularidades cometidas, não se pode negar também que o volume é alto, 50 milhões de reais parece ser uma soma elevada. Deste montante, parte foi de responsabilidade do PT, outra parte é da chamada base aliada. Que base aliada? A mesma que sempre foi a base do PSDB. O que não é muito relevante no momento. Quanto eqüivale mais especificamente ao PT? Cerca de 5 milhões de reais. É uma boa soma. Que pena não é mesmo? Agora pense. Olhe para o outro lado? O que você encontra? Em apenas 12 das dezenas de operações realizadas pela Polícia Federal entre os anos de 2003 e 2005, a soma em dinheiro apurada em crimes de corrupção atinge 68 bilhões de reais. Todos estes crimes foram cometidos na gestão FHC.

Qual é o montante de evasão de divisas entre os anos de 1995 e 2002 referentes ao escândalo do Banestado? Mais de 85 bilhões de dólares. Com o dólar da época em 4 Reais, temos a soma de 350 bilhões de Reais. E o caso Banco Nacional? Mais 25 bilhões de Reais. E a privataria das estatais? Mais cerca de 300 bilhões de Reais Em 1994 o nosso PIB era de 850 bilhões de dólares, isso antes da chegada de FHC, em 2002 com sua saída o PIB brasileiro era de 450 bilhões de dólares. Com o câmbio a 4 Reais, isso dá uma corrupção de 1,6 trilhões de Reais. São só alguns dos maiores escândalos da era FHC.

Faça as contas. A soma por enquanto está em 2,35 trilhões de Reais. Se você tiver curiosidade, divida 2,35 trilhões de Reais por 5 milhões de Reais. A era FHC apenas com a curta lista acima, foi nada menos do que 470 mil vezes maior mais corrupta que a era Lula. Exatamente! Não foi o dobro, nem cinco ou 10 vezes maior, foi 470 mil vezes maior. Imagine quantas casas poderiam ter sido feitas, quantos empregos, quantas indústrias, quantas bocas não teriam sido saciadas, quanta dignidade não teria sido espalhada por toda esta nação se o nosso voto fosse um pouco mais responsável, é o não ao neo-liberalismo do PSDB/PFL que precisa ecoar por todo este país. É responsabilidade sua sim a escolha do destino que você deseja para a sua nação.

------------Matéria de Marcelo Soares , São Paulo-SP - jornalista-----------------------------

------------Postada neste BLOG por Jesus Soares da Fonseca---------------------------------

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