quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Ibama pode impedir exploração da Bacia Pernambuco-Paraíba

A exploração do petróleo da bacia Pernambuco-Paraíba pode ser impedida por uma recomendação do Ibama, que não está liberando campos de exploração em águas rasas de áreas que estão muito próximas da orla ou onde há ecossistemas muito sensíveis. Estas situações, aliadas à condição oceanográfica da bacia, podem tornar a área muito suscetível a um vazamento de petróleo, que provocaria um desastre ecológico com efeitos diretos no turismo local. De acordo com o coordenador-geral de Petróleo e Gás do Ibama, Edmilson Maturana, seria necessário um profundo estudo de impactos ambientais comprovando que os riscos são baixos para que haja uma liberação da exploração.

A área de melhor potencial de exploração da bacia, que fica em trecho de grandes e importantes recifes no Litoral dos dois Estados, é entre 50 e 500 metros subterrâneos, com proximidade da orla considerada pequena pelo Ibama. Maturana explica que os biomas existentes nos recifes são extremamente ricos e a biodiversidade é enorme na região, que inclui duas unidades de conservação, o que poderia ser afetado com o início da exploração. A Bacia Pernambuco-Paraíba foi incluída nos estudos para a 9ª rodada de licitações de blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural, que deve acontecer no final deste ano.

De acordo com o técnico responsável pelo levantamento geoquímico da bacia que foi realizado em 2005, Márcio Mello, o potencial da bacia é semelhante ao das bacias marítimas Alagoas-Sergipe e Potiguar, no Rio Grande do Norte, que já são exploradas. A avaliação é decorrente das três bacias serem formadas pelo mesmo tipo de rocha e estarem sob as mesmas condições oceânicas, o que indicaria qualidade aproximada. “E pode até ser bem melhor, já que fica bem no meio das duas que já são exploradas atualmente”, otimiza Márcio. Ele avalia que é preciso uma mobilização dos governos estaduais da Paraíba e de Pernambuco em busca do apoio da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para convencer o Ibama a liberar os blocos dos dois Estados, alegando que hoje em dia a exploração de gás e petróleo está sendo realizada de maneira extremamente consciente e ambientalmente responsável. Para ele, a bacia em questão é muito bem colocada, pode gerar muita riqueza para o Estado e todo este processo deve envolver muito cuidado, por parte dos ambientalistas, exploradores e governantes.
ANP demora a enviar os dados para avaliação
Já Maturana explica que o posicionamento do Ibama está sendo provocado também porque a ANP só está enviando os dados das bacias com apenas um mês de antecedência para as avaliações, o que deveria ser feito seis meses antes. Este tempo seria necessário para que o órgão tivesse condições de fazer uma avaliação mais cuidadosa. “Na dúvida, preferimos não liberar para fazer com que sejam promovidos estudos mais aprofundados que dêem mais segurança tanto para o meio ambiente quanto para os exploradores interessados”, explica.

Sobre o propagado maior potencial dos blocos localizados em Pernambuco, Márcio avalia que a Paraíba não deve se preocupar porque os blocos paraibanos também oferecem excelentes perspectivas de retorno. Como ele lembra, os estudos já realizados ainda são apenas preliminares e as expectativas sobre o tamanho da produção só poderão ser determinadas através dos estudos que estão sendo iniciados para a 9ª rodada de licitações. Além disso, o técnico também acredita que há exploradores com interesse em realizar estudos mais aprofundados no local. “Agora, é impossível falar em quantidades”, garante.
por Rainério

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