sábado, fevereiro 24, 2007

Datação questiona teoria da ocupação humana das Américas

A cultura Clóvis durou muito pouco e foi muito recente para ter sido a primeira, dizem arqueólogos que revisaram a datação de diversos sítios arqueológicos
WASHINGTON - Pesquisadores responsáveis por um artigo publicado na edição desta sexta-feira, 23, da revista Science acreditam que seu trabalho poderá ser o "último prego no caixão" da teoria de que a primeira população humana a ocupar as Américas foi a chamada cultura Clóvis, que teria chegado ao norte do continente há cerca de 11.500 anos. A teoria do primado de Clóvis já vinha sendo atacada há tempos, inclusive por conta de descobertas arqueológicas realizadas no Brasil.

O trabalho atual, de autoria da equipe do pesquisador Michael Waters, da Universidade Texas A&M, revisa das datas originais atribuídas à cultura Clóvis - que deve o nome a um sítio arqueológico no Novo México (EUA), que durante muito tempo foi considerado o mais antigo nas Américas - e sugere que as habitações humanas no continente antecedem essa população.

"As novas datações sugerem que o complexo Clóvis vai de 11.050 a 10.900 anos antes do presente", diz Waters. "Devagar, mas com firmeza, arqueólogos vêm questionando se Clóvis representa o primeiro povo a entrar nas Américas".

Usando tecnologias recentes, Waters e seus colegas afirmam ter conseguido maior precisão nas datas de mais de 25 sítios arqueológicos ligados à cultura Clóvis, escavados na América do Norte. Os novos testes parecem mostrar que a extensão da cultura Clóvis no tempo não é tão grande quanto se imaginava. O intervalo determinado, de 11.050 a 10.800 anos atrás, foi considerado "surpreendente" por Waters.

Waters diz que essas datas mostram que a cultura só durou por, no máximo 400 anos, o que torna virtualmente impossível sua expansão na dimensão imaginada anteriormente.

"Uma vez que se perceba que as datas do complexo Clóvis são muito mais recentes do que se pensava, e que Clóvis teve uma duração muito menor do que pensávamos, é preciso perguntar como essas pessoas, num tempo tão curto, chegaram à ponta da América do Sul", diz Waters.
por Rainério

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