terça-feira, março 13, 2007

Procurando (entender) o ponto G

Lula e Bush prometem empenho em negociações de Doha
Os presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva disseram nesta sexta-feira que Estados Unidos e Brasil vão se empenhar no sucesso das negociações da rodada de Doha de liberalização do comércio mundial, e que acreditam que um acordo pode ser alcançado.
Bush deixou claro, no entanto, que não pretende pedir ao Congresso que acabe com a tarifa atualmente imposta ao álcool brasileiro importado pelo país, de US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro).

Durante a coletiva com Bush na zona sul de São Paulo, Lula disse que "o Brasil espera que o mercado de etanol seja beneficiado pelo comércio livre, livre de protecionismos".

O presidente americano acrescentou, no entanto, que nada poderia ser feito para mudar a tarifa até pelo menos 2009, quando a lei que prevê a barreira deixa de vigorar.

Em outro trecho da coletiva, Lula reconheceu não ter conseguido fazer Bush mudar de idéia, mas não se deu por vencido.

"Se eu tivesse esse poder de persuasão que vocês pensam que eu tenho, quem sabe eu já teria convencido o presidente Bush de tantas outras coisas que eu não posso nem falar aqui", ironizou o presidente. "É um processo."

"Muito trabalho"
"Estamos mais próximos do que nunca de uma conclusão bem-sucedida da rodada de Doha "
Luiz Inácio Lula da Silva
Bush disse que é preciso ter cautela ao negociar acordos comerciais como o da Rodada de Doha, já que há inúmeros outros acordos comerciais que foram firmados pelos países envolvidos e que influenciam na equação das negociações da rodada.

"Vai exigir muito trabalho", disse o presidente americano, salientando que o Brasil e os Estados Unidos precisam mostrar liderança para que o acordo seja anunciado.

Lula assumiu uma posição semelhante. Para o presidente, a negociação não é simples e pode ter resultados "extraordinários e desastrosos".

Mas o presidente brasileiro ressaltou a importância das negociações entre os dois países e disse acreditar que, "se os Estados Unidos e o Brasil se entenderem, ficará mais fácil para nós convencermos outros que ainda não estiverem participando desse acordo".

Lula disse que o sucesso das negociações não é econômico, mas político, acrescentando que o que está em jogo não são vantagens para os países envolvidos, mas a necessidade de ajudar países mais pobres com a liberalização comercial.

"Vamos trancar nossos ministros do comércio em uma sala, todos com o objetivo de avançar nessa importante etapa. Eu divido seu otimismo quanto ao que pode ser feito", resumiu Bush, destacando o interesse dos dois presidentes em continuar os entendimentos da rodada de Doha.

Chávez

Em outro momento da coletiva, Bush disse não concordar com a avaliação de que os Estados Unidos deram as costas para a América Latina durante seu governo.

"Isso pode ser o que as pessoas dizem, mas certamente não é o que dizem os fatos", disse. "Nós nos importamos muito com nossos vizinhos."

Bush se recusou a falar sobre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que viajou a Buenos Aires para participar de um evento contra a presença do presidente dos Estados Unidos na América Latina.

"Não acho que os Estados Unidos recebem crédito por tentar ajudar a melhorar a vida das pessoas", afirmou o presidente americano. "Minha viagem é para explicar, da maneira mais clara que eu puder, que nossa nação é generosa e tem compaixão."

Bush também elogiou a liderança do Brasil na América Latina e disse que o país é um "exemplo" e que mostrou o que é "possível" na área de combustíveis alternativos.

Leia a íntegra do memorando entre Brasil e EUA
por Rainério

0 comentários: