domingo, março 11, 2007

Bush riu de "piada" do Ponto G; americanos da comitiva não; TV dos EUA não traduz bobagem

Sexo, jogos, divertimento - ou melhor, ponto G, truques de baralho e noites de Oscar. Não, não era um encontro de amigos em hotel de turismo. Era o presidente Lula brincando, misturando política externa e conversa de botequim, no encontro entre ele, seu convidado George W. Bush e a imprensa, ontem à tarde, no Hilton.Qual Mike Tyson, ele jogou pesado já ao entrar no palco: “Puxa, tem mais jornalista aqui do que em premiação de Oscar”. Passado o tempo de risos da platéia, completou: “É claro que quem está dando os prêmios não é tão bonito...” Não demorou para que voltasse a fazer menção ao sexo. Dois dias depois de ensinar ao País que “sexo é uma coisa da qual quase todo mundo gosta”, Lula insistiu com seu parceiro americano quanto à urgência de chegarem logo “ao ponto G” do entendimento sobre a Rodada Doha. Para dizer que a conversa tem progredido, recorreu, sem inibição, à imagem do orgasmo feminino: “Estamos andando com muita solidez para encontrar o chamado ponto G e para fazermos alguma coisa”. Bush, atento ao fone de ouvido, riu ao ouvi-lo. O público americano, não. Esse trecho da conversa foi omitido na TV daquele país pelo tradutor que apresentava o diálogo ao vivo.

Ponto G Magazine

Eu normalmente não abordaria esses assuntos por razões óbvias, entendem? Considero que eles são próprios de páginas que tratam ou de medicina ou de sacanagem. Mas já que um chefe de Estado referiu-se ao “Ponto G” numa entrevista coletiva com outro chefe de Estado, é forçoso reconhecer que o tema se politiza. Nossa! Fiquei surpreso ontem ao descobrir que as sexólogas — aposto que são feministas! — juram que os homens também têm aquela letra do alfabeto. Para soletrá-la, parece, é necessário chegar a algum lugar lá nas vizinhanças da próstata... Um dia depois de ter feito a sua metáfora mais ousada, leio que Lula submeteu-se a exames (no plural) de próstata no Incor. Que eu saiba, há dois: o PSA, antígeno indicador de formações tumorais, verificado no sangue, e o outro, de toque, método necessariamente invasivo, capítulo da chamada “inclusão digital”. A piada óbvia é que o médico depois não telefona, não manda flores, não convida pra jantar. E convém o vivente não fazer aquela cara de quem “chegou ao Ponto G das negociações na Rodada de Doha”.
por Rainério

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