sábado, março 17, 2007

O risco de termos a TV-hora do Brasil

Milton Coelho da Graça (*)
“Fico surpreso como as pessoas não estão vendo que, daqui a cinco anos, as pessoas vão rir da televisão que temos hoje”. Foi Bill Gates, supostamente o sujeito que mais tem condições de vislumbrar o futuro nessa área. E disse para todo o mundo ouvir, lá em Davos, na Suiça, diante dos outros 499 homens mais ricos do mundo.

Será que o ministro Hélio Costa está antenado nesse trailer apresentado pelo homem mais rico do mundo. Será que leva em conta, nos planos para uma supertevê estatal de informações, que o surgimento da internet de alta velocidade e a popularidade de sites como YouTube estão causando a queda, em todo o mundo, do tempo que os jovens passam diante de um aparelho de TV?

Quando a gente ouve a Hora do Brasil no rádio, praticamente igual ao que era há 20 ou 30 anos atrás tanto no formato como na substância - tem de duvidar, não? Alguém já se deu ao trabalho de somar os índices da TV Justiça, TV Câmara, TV Senado e todo o resto pago com impostos? E o que essas emissoras custaram em termos de investimento?

Duas maneiras de ver o mesmo fato

Supostamente – porque nada foi explicado oficialmente, só por fofocas – Franklin Martins saiu da Rede Globo porque suas análises tendiam a favorecer opiniões do governo. Algumas semanas depois, Franklin Martins também saiu da Band para ser o número 1 nos planos para a montagem de uma ampla rede estatal de notícias.

Há uma leitura óbvia: a de se confirmar, pelo menos oficialmente, a versão divulgada por más línguas. Mas corre também agora uma versão diferente, porque as más línguas, como todos sabemos, estão em qualquer canto de nosso país.

E essa versão diz que a Rede Globo – sempre muito bem informada sobre o que ocorre no Ministério das Comunicações – antecipou que Franklin Martins seria o nome mais desejado pelo ministro Hélio Costa. E achou melhor criar uma novela (tipo das 9, sempre com muitas surpresas) para até facilitar essa nomeação e evitar que o Franklin e ela própria ficassem sujeitos a críticas e ataques dos inimigos do plim-plim.

Se não é verdade, é bem bolado, dizem os italianos cínicos.

A volta de Collor e a falta de caráter

Estamos todos vendo, estupefatos, a reação dos colegas senadores ao retorno político do ex-presidente Collor. Houve até choro, de emoção ou de alegria, pelo retorno de um grande injustiçado. Ninguém mencionou P.C. Farias, os cidadãos comuns que revelaram a verdade. Pior, os "caras pintadas", os jovens que foram às ruas pedir a restauração do caráter na política brasileira, foram apontados como os responsáveis por exageros, excessos.

Não vale a pena citar nomes, porque na verdade foi um FEBEAPÁ, como diria o bom - e que faz tanta falta! -Stanislaw Ponte Preta. Vergonha mesmo só demonstrou quem ficou calado ou não apareceu no plenário.

(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.
por Rainério

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