quarta-feira, março 14, 2007

Jornalista esculhamba o Nordeste e é alvo de indignação

O artigo de um jornalista paranaense, chamado Alex Gutemberg, na coluna Atmosfera da Nação, do Estado do Paraná, está causando revolta em alguns pernambucanos.
Mesmo correndo o risco de ser taxado de bairrista, como quando escrevi ontem a nota frisando o caso da novela Paraíso Tropical, estou publicando o texto e abrindo o debate.
O primeiro a mostrar indignação foi o superintendente geral da Fundação Gilbeto Freyre, Gilberto Freyre Neto, que recebeu o artigo de um amigo do Sul. Ele classificou a abordagem como arrogante.
A jornalista Leda Rivas, outra leitora atenta do ex-Blog do JC, também ficou indignada.
No artigo, o jornalista diz que o Nordeste brasileiro é um mundo à parte e que o Nordeste é uma civilização estranha, formada por miseráveis. Também afirma que as cidades nordestinas são imundas e que o crime compensa. Diz que os nordestinos não têm noção de limpesa ou educação. Considera o Nordeste um mundo diferente, longe da globalização. No final, demonstrando superioridade, encerra dizendo que não sabe o que se passa na cabeça desse povo mal alimentado.
Leia o artigo logo abaixo e diga se o rapaz foi discriminatório e insolente contra o povo nordestino.
Caso queiram demonstrar sua admiração com o autor, o endereço eletrônico do jornalista é: alexgute@pron.com.br
Já o endereço eletrônico do jornal é: mussa@parana-online.com.br

Um Mundo que Parou no Tempo
Alex Gutemberg
Texto publicado no jornal O Estado do Paraná, em 11 de 02 de 2007

O Nordeste brasileiro é um mundo à parte. O que os portugueses fizeram com o povo da região, durante 4 séculos, foi criminoso. Usaram as índias. Ou melhor, estupraram as índias aos milhões e depois as pobres negras escravas.

Obviamente não assumiram as proles, pelo contrário, deixaram as coitadas grávidas, os maridos traídos na marra e ainda acabaram com as virgens indígenas, que não tinham a menor idéia do que estava se passando. O custo social disso tudo foi gigantesco. Todo brasileiro sofre até hoje.

Essa violência criminosa destruiu várias sociedades de tribos nordestinas, humilhou ainda mais as negras e os negros e gerou uma civilização estranha, de miseráveis, com poucas oportunidades, que influencia uma nação e não consegue se desenvolver por causa dessa contínua falta de assistência.

Eles estão mais sujeitos a doenças, aos problemas sociais e a violência do que o povo do Sul do Brasil. Não resistem.

Essas contínuas gerações de mamelucos e cafuzos, resultado de uma miscigenação desenfreada - e aqui um parêntese, não existe preconceito nesta afirmação, pois os brancos não podem nem viver perto de índios para não contaminá-los com nossas doenças esquisitas, quanto mais ter relações consangüíneas, sofre diariamente. Passa fome continuamente.

Eles têm seus direitos sociais e civis cassados pelas minorias brancas, pelos políticos e até mesmo por seus conterrâneos. O trabalho escravo persiste por todos os cantos.

O que se ouve de Salvador a São Luís são avisos constantes aos turistas, ou a quem tem a pele branca: cuidado, não saia com a máquina fotográfica. Não saia com esse tênis, não leve dinheiro para a rua. Cuidado na praia, os ladrões estão em todos os cantos.

A liberdade não existe entre eles. Existe sim o medo crônico, uns dos outros, às vezes de pessoas maltrapilhas e famintas, que podem ser bandidos ou apenas mendigos.
O povo nordestino vive num mundo à parte. As cidades são imundas, o crime compensa e a exploração por meia dúzia de coronéis em cima do retirante, do miserável é uma constante infinita. Eles não têm noção de limpeza, de educação, de respeito entre eles mesmos. São muito hospitaleiros.

O povo de uma maneira geral, trata bem o sulista. Entretanto, acham que o futuro da humanidade está nos Bolsas-Esmolas do Lula, que, certamente será o novo Padim Padre Cícero da região. Um santo.

Nesse mundo diferente, longe da globalização, até os ricos e mais letrados acreditam no Lula, no governo petista. Pior, sabe lá o que se passa na cabeça desse povo mal alimentado, para adorar seus políticos, como Inocêncio de Oliveira, Antônio Carlos Magalhães, José Sarney e clã, entre outros.


Para pensar no domingão

Cenas do cotidiano nordestino
Na sexta-feira, 2 de fevereiro, por volta das três hora da tarde. no calçadão da praia Porto da Barra, em Salvador, os camelôs apresentavam seus produtos. Os turistas tiravam fotos da bela paisagem, e eu, andava à procura de um lugar para beber água.

De repente, um sujeito desceu da sua moto, deixou a bela moça na garupa, sacou o revólver, gritou para um tipo metido a capoeirista: não mexa mais com minha mulher. E bum bum, dois tiros, um na cabeça e outro no coração.

O povo se amontoou por uns instantes e depois foi todo mundo embora, nem deram muita atenção, para dizer a verdade. Não era com eles.

O assassino pegou a moto, a mulher o abraçou em tom de aprovação e saíram voando. No Nordeste é assim, cabra mexe com a mulher alheia, morre como animal, ali mesmo, horário comercial, na rua.

Em Fortaleza, no domingo dia 4 de fevereiro, uma senhora com sua filhinha saía da locadora de vídeo. Ao parar em frente ao seu carro importado alemão de primeira linha, a madame jogou na rua um pedaço de papel. Eu apanhei o lixo e entreguei a ela. E disse: a senhora deixou cair.

A surpresa veio quando ela disse: não, é lixo mesmo, eu joguei. Sem qualquer constrangimento.

Depois de um instante e com educação ela falou: desculpe, você tem razão, eu não deveria jogar na rua. Mas é que está tão suja, um a mais, outro a menos, não muda nada. É a imagem do Nordeste.

De Pernambuco a primeira reação:
RESPOSTA IRADA 05/03/2007 21:05
Pernambucano responde ao jornalista que esculhambou o Nordeste
Leitor atento do Blog pediu que fosse postada a resposta que preparou para Alex Gutemberg, aquele que publicou no jornal O Estado do Paraná uma verdadeira esculhambação com Pernambuco. Ele enviou a resposta ao e-mail do jornalista. Eis o texto:

Prezado senhor Alex.

Racista, preconceituosa, deselegante, arrogante e desprovida de qualquer senso!
Estes são os poucos adjetivos que posso utilizar para classificar a sua infeliz declaração contra o Nordeste e o seu povo. Na qualidade de orgulhoso nordestino, apenas posso lamentar a sua falta de visão, condicionada pelo preconceito e pela falta de respeito às diferenças. Certamente o senhor deve ser uma pessoa infeliz e magoada com a vida, para atribuir à uma região e a um povo tamanha carga de ódio e rancor.

Será por conta da alegria e hospitalidade do nosso povo? Ou será pelo constante colorido das nossas praias, sempre belas e ensolaradas? Tenho certeza que pessoas como o senhor são uma exceção no contingente que forma esse povo forte e bravio, que habita a belíssima região Sul do nosso querido País.
Em relação à sua visão separatista, eu só tenho a lamentar e dizer que não é estimulando e discriminando as diferenças que haveremos de tornar o nosso Brasil forte e respeitado.

Os EUA, mesmo tendo em sua história guerras civis e outros sérios conflitos entre os estados do Norte e do Sul, só se tornou uma potência mundial depois que cessaram ou
diminuíram as diferenças antes tão estimuladas. Lamento profundamente que o senhor, na qualidade de jornalista, pense dessa maneira.

Contudo, gostaria que soubesse que nós nordestinos somos um povo orgulhoso da nossa história. Somos o berço deste imenso País e temos uma influência marcante na sua formação como nação. Nossa cultura é rica e diversificada, nossa literatura é bela e fecunda. Isso sem falar na música, na dança, na poesia, na pintura, na culinária, etc.

Foi aqui que em 1654 houve o primeiro movimento de libertação nacional contra o julgo português, a Batalha dos Guararapes. Foi aqui, no meu estado, que houve a Revolução Praieira, a Confederação do Equador, a Batalha do Monte das Tabocas. Foi aqui que Frei Caneca foi arcabuzado por lutar pela liberdade do nosso País! Foi o estado de Pernambuco que colocou no mundo Luiz Gonzaga, Gilberto Freire, Cícero Dias, Capiba, Antônio Carlos Nóbrega, Josué de Castro, entre outros heróis
brasileiros.

E o senhor vem nos dizer que somos imundos? Que somos corrutos por elegermos políticos corrutos? Que aqui o crime grassa por todas as esquinas? Meu senhor, por gentileza, queira me fazer o favor de nos respeitar e olhar para os seus pares!
Será que aí no sul-maravilha não há roubo, falcatruas, crimes hediondos, políticos corrutos e outras mazelas que impestam o nosso país? Ou será que isso é apenas um privilégio do Nordeste?

Em relação às nossas índias que foram "estupradas aos milhões", o que o senhor me diz dos bugreiros paranaenses que exterminaram milhares e milhares de índios em seu estado e igualmente estupraram e lançaram no mundo uma legião de desassistidos?
Curitiba e outras grandes cidades paranaenses não têm favelas formadas por uma legião de miseráveis oriundos dessa chacina social, ou isso é privilégio apenas de Recife, Salvador e Fortaleza?

Prezado senhor Alex, em momentos infelizes assim me vem à memória a poesia do meu povo. A poesia e a verve de quem sempre foi massacrado e discriminado, mas como diz o nosso grande poeta armorial, mestre Ariano Suassuna, em sua obra O Auto da Compadecida: "A esperteza é a arma do pobre".

Com todo respeito que os nossos irmãos do Sul merecem, gostaria de descrever para o senhor apenas um trecho de uma poesia popular intitulada: Imagine o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente, de autoria dos ilustres nordestinos Ivanildo Vilanova e Bráulio Tavares:

"Já que existe no Sul este conceito
Que o Nordeste é ruim seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito.

Quando um dia qualquer isto for feito
todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
das que a gente tem vivido.

Imagine o Brasil ser dividido
E o Nordeste ficar independente!

Certamente que essa é apenas uma forma de reação pacífica, humorada e poética aos séculos de discriminação sofrida pelo Nordeste. Certamente também, essa não é a opinião do povo nordestino que, em um dos seus momentos raros de lucidez, o senhor descreveu como hospitaleiro.

Somos como qualquer brasileiro, temos as mesmas virtudes e defeitos de um povo que ainda não descobriu e tampouco se orgulha das suas origens e identidades culturais. Por essa razão pessoas como o senhor escrevem tantas e tamanhas baboseiras.

Entretanto, por isso e pela sua ignorância em relação não apenas ao Nordeste, mas principalmente em relação à formação do povo brasileiro, eu lhe dou o meu perdão!
Atenciosamente.

Paulo André Alves.
Recifense - Pernambucano - Nordestino e Brasileiro.
Não me contive e enviei ao sacana jornalista paranaense o seguinte:
Sr. Jornalista(?) *
Alex Gutemberg (parece mais nome de canastrão de novela mexicana)

A sua vasta ignorância deve, pelo menos, saber que o Nordeste seria auto-suficiente até técnico e culturalmente, caso se separasse do resto do País. Não dependeríamos de outra região e, muito menos, de um Estado de gringos e de pouca brasilidade. Ao contrário, se o distinto foca estudou um pouco de história, deverá saber que foi, principalmente, um Estado Nordestino (Paraíba) que teve a coragem de unir-se ao Rio Grande do Sul e evitar que o centrão Sudeste permanecesse mandando no País e sugando tudo para eles. Isso em 1930. Caso não saiba de que se trata, procure um livro de história.*

Imundo deve estar vossa imbecilidade caso não tenha tomado um banho de creolina depois da cagada que escreveu. Outra coisinha que você pode informar: no teu Estado ninguém recebe bolsa-família? E se vossa imbecilidade ainda está contrariada com o resultado das eleições, "viuvinha de Alckmin" , junte seus seguidores e façam uma revolução para derrubar Lula, caso tenham coragem para tanto (duvido muito).

Nunca imaginei que ao chegar aos meus 70 anos, iria me deparar com mais essa qualidade de gente. Esperando que a sua estupidez seja contemplada com uma ação pelos preconceitos (inclusive de cor) contido na porcaria chamada de "Um Mundo que Parou no Tempo", garanto que por aqui, caso venha, você será "bem" recebido à moda da casa.

Elpídio Navarro
Professor Universitário (Aposentado)
Jornalista, Dramaturgo e Diretor Teatral e
Principalmente Nordestino
Sabedor do artigo em questão, o companheiro José Elias enviou sua opinião ao tal jornalista:

Sr. Facista Alex Gutemberg.

O Senhor não conhece porra nenhum da história do Brasil e nem do nosso Nordeste. Nunca ví burrice tão grande.

Por sinal será que os colonizadores do sul do País (Portugueses, franceses, espanhois, Italianos, Japinhas, etc...) não tinham "pimba"? Nunca comeram as negras escravas e as índias do sul do País? Ah! Todos eram Gays. Né?!

Será que as ricas terras e os profundos solos de São Paulo e dos outros estados do sul não contribuiram para um maior enrriquecimento dos agricultores do sul em detrimento aos canaviais dos coronéis nordestinos? E o ciclo do ouro e das pedras preciosas de Minas Gerais?

Pois é. Não precisa viajar de novo para o nordeste. Fique aí neste inferno poluido de violência e de devastação de suas capitais. E continui se fudendo para sempre!

Seu texto publicado no Jornal do Estado do Paraná é realmente uma grande porcaria. Ele fede. Coisa para porcos iguais a você e sulistas de mesma laia.

José Elias Metri
Prof. Aposentado da UFPB

Como resposta recebi o seguinte:

OLHEM O QUE RECEBI DO ALEX GUTEMBERG ACHANDO QUE A CARTO DO ELPIDIO FOI MINHA. ASSIM REPASSO PARA ELPIDIO A RESPOSTA. EU ACHEI A EMENDA PIOR QUE O SONETO.
UM GRANDE ABRAÇO,
MARIA DO CARMO CATANHO PEREIRA DE LYRA

Ola
desculpe a demora em respondê-lo, mas são mais de 200 e mails.
obrigado por ter sido educada.

Sua carta, no meio de mais de 200, foi a mais educada. Os palavrões,
ofensas, baixo nível e xingamentos passaram dos limites. o que
demonstra quase tudo que falei. Ninguém se propôs ao debate sério.
Todo mundo apenas realça as belezas das praias nordestinas, ou lembra
de escritores e músicos famosos, ou ainda procura dizer que no Sul
acontece a mesma coisa. Ora, nada que mude as minhas idéias, nada que
as conteste com consistência. Nenhum argumento sério. Apenas
violência, ameaças de morte e palavrões, me xingando o tempo todo.

Minha opinião não é preconceituosa.
Veja, as pessoas podem gostar ou não de alguma coisa, de uma região,
de pessoas, de lugares. Tenho esse direito. Minha matéria não é
jornalística. É uma coluna, um artigo. Uma opinião.
O meu texto não é preconceituoso. Nada disso. Por isso estou aberto ao debate.
Meu pai tem origem nordestina. Toda a família do meu pai é baiana. Não
sou a favor do Sul. Pelo contrario. Passei dois meses no Nordeste
porque pretendo morar no nordeste. adoro o nordeste. as praias são
belíssimas.

Eu sou um crítico implacável. Tenho criticado o Sul e o Sudeste
também. Com muita força. Muito mais do que o Nordeste. É que vc, como
todos os outros, nunca leram minha coluna.
Posso provar as origens da minha família, minhas colunas criticando
tudo e todos. Entenda uma coisa que ninguém quer entender: quando se
critica alguém, uma região, ou seja o que for, não significa que
estamos a favor do oposto. Se critiquei o nordeste, não significa que
eu sou a favor do Sul. Muito, mas muito pelo contrario. Tanto que vou
morar no Nordeste. Adoro o Nordeste.

Mas não é por isso que eu lamento o que acontece por aí. Não é por
isso que eu vou deixar de criticar o que acontece por aí. Acredite, o
que eu vi é assustador. Posso te mostrar, posso te provar isso.

Quero o bem do Nordeste, combato a força das elites que exploram o
Brasil inteiro, mas principalmente o Nordeste - isso me dói muito.

Em tempo: não sou branco, ariano, sulista.

Por favor, vamos debater o assunto.

Em tempo 2: para provar o que eu disse, estou recebendo ameaça de
morte todos os dias por parte de nordestinos. Várias por dia. Isso
prova a violência que existe por aí. São pessoas com acesso a
internet, com nível superior e tudo mais.

Em tempo 3: vamos parar de tapar o sol com a peneira. O Nordeste tem
problemas e está sem perspectivas de se arrumar. Eu recebi dez e mails
de nordestinos que concordam com isso tudo.

No jornal do próximo domingo:

É complicado escrever artigos e opiniões em um jornal importante e de
grande circulação. A maioria das pessoas pensa que se trata de uma
matéria jornalística e confunde as coisas. É preciso entender que
vivemos num regime de liberdade. Assim como um determinado colunista
emite sua opinião, os leitores também exercem seus direitos de
responder como melhor entenderem.

As pessoas têm o direito de gostar disso ou daquilo, deste ou daquele,
de uma região ou de um país, de uma comida ou de uma bebida. E podem
falar bem ou mal. É o ponto de vista. É claro que muitos se sentirão
ofendidos. E muitos irão agredir, reclamar, chiar e espernear, pois
adoram defender suas raízes, mesmo estando errados. Talvez seja por
isso que esta Terra de Santa Cruz não evolui.

O fato é o seguinte. Esta coluna existe há dez anos. E é um marco na
crítica bem colocada e dura aos governantes deste país. FHC, Malan &
Cia. tiveram seu quinhão de reclamações. Lula, PT & Companheiros,
também. Quando se fala mal de um, como atualmente se fala de Lula e
suas confusões, não significa que, automaticamente, se enaltece o
outro. FHC também sofreu aqui na Atmosfera da Nação.

Portanto, neste espaço, já foram escritas fortes criticas contra o Rio
de Janeiro, São Paulo e os estados do Sul. Brasília também sofreu
nesta coluna. Em fevereiro foi a vez do Nordeste. Centenas de
nordestinos se incomodaram e falaram de tudo. Mas dezenas também
concordaram com as criticas. Melhor, muitos ainda acrescentaram mais
algumas e me deram dicas de coisas piores. Que fique claro o seguinte:
a crítica a uma região, ou a políticos, ou a um povo, não significa
que se valoriza um outro grupo. Um não é melhor que o outro. Longe
disso.

É possível debater o assunto. Pode-se trocar idéias. Pode-se
argumentar com cuidado e claro embasamento. Não se pode xingar tanto e
achar que o colunista odeia este ou aquele, ou que ele defende sua
região. Nada disso. Recentemente, para surpresa de muitos, um
intelectual paulista, Renato Janine Ribeiro, defendeu a pena de morte
e até torturas para quem cometesse crimes hediondos. O debate foi
aberto em cima disso.

É importante saber que, durante dez anos, essa coluna não protegeu
ninguém. Nem nordestinos, nortistas e tampouco sulistas. Em tempo:
meus antepassados, pelo lado paterno, quando se mudaram para o Brasil,
criaram raízes no sul da Bahia. Em tempo 2: sou totalmente a favor da
miscigenação das raças, exceto com os índios que são um caso a parte.

Não bastassem as declarações acima, recebo de Lau Siqueira:

NOTA DE REPÚDIO:
Jornalista paraibana é vítima preconceito na Pousada Campo do Zinco, em Benedito Novo (SC)

A jornalista paraibana Célia Leal foi vítima do mais nefasto preconceito contra nordestinos cometido pelo proprietário da Pousada Campo do Zinco, no interior do município de Benedito Novo (SC). Acompanhada de colegas jornalistas de Blumenau (SC), Célia visitou a pousada no domingo, dia 11 de março, e foi discriminada, desrespeitada, sofreu as mais diversas formas de preconceito contra nordestinos.

Já na recepção, o dono da pousada, de maneira irônica, quis saber “o que uma paraibana estava fazendo ali”, como se nordestinos não pudessem visitar a sua pousada; ironizou a cor ruiva do cabelo da jornalista; humilhou a mulher nordestina com piadainhas do tipo “Paraíba, mulher macho...”, e chegou ao disparate de perguntar, ironicamente, se na Paraíba se utiliza a mesma bandeira brasileira, ou seja, querendo insinuar que nordestino, ou paraibano, não deveria fazer parte da nação brasileira.

A atitude deste sujeito, que pelo discurso preconceituoso deve ter alguma simpatia por teorias neonazistas, causou a indignação da jornalista e de todos os seus amigos que a acompanhavam. Tal atitude reforça a carga preconceituosa com a qual é, infelizmente, tratada a população nordestina por algumas pessoas sulistas.

“O preconceito é a pior chaga que existe e é inconcebível que em pleno século XXI ainda nos deparemos com atitudes desta natureza. Este cidadão, que prega no site de sua pousada demonstrou ser um homem despreparado para lidar com seres humanos e com o turismo, e como tal deve ser banido”, considerou Célia.

A atitude do dono da Pousada Campo do Zinco não combina com a paradisíaca região de Benedito Novo, que tem belíssimas cachoeiras e cascatas; depõe contra a boa hospitalidade, contra o turismo ecológico, e é um atentado contra a cidadania e contra a democracia.

Recomendo que conheçam a região, porém, que não se hospedem, que boicotem a Pousada Campo do Zinco.

Manifeste também a sua indignação contra esta atitude preconceituosa enviando e-mail de repúdio para: pousada@campodozinco.com.br

Adenilson Teles
Jornalista - Blumenau/SC
enviado por Paizinha

6 comentários:

Unknown disse...

Melhor resposta ao Alex Gutemberg é a capa do jornal O Estado do Paraná do dia 30/01/2008 onde a manchete de capa é: Cidades do Páraná entre as Campeãs em Violência.

http://www.parana-online.com.br/capa/index.php?jornal=estado

Anônimo disse...

Senhoras e senhores, estamos perante a uma das maiores aberrações já produzida pela humanidade: a XENOFOBIA! Este rapaz que escreveu esse texto não tem a menor bagagem para analisar o problema das disparidades regionais de forma abrangente, considerando o capitalismo como sistema concentrador de renda e produtor de um espaço desigual, contendo áreas de repulsão e de atração. Quando ele nos chama de "estranhos" está se referindo a um povo revolucionário, dono de uma história marcada por luta. Tudo bem, temos conterrâneos conservadores? Sim, isso não resta dúvida. Nosso ambiente é mal cheiroso? sim, alguns. Inclusive os que não fedem, "serve" para itinerários turísticos dos ricos de todo resto do país. Portanto, Como podemos ver em qualquer parte do Brasil, aqui também existe violência, miséria, atraso, dentre outras mazelas. Nossa história foi escrita através de muito sangue? sim, óbvio, fazemos parte de uma nação que foi construída sob o sentimento liberal dos europeus, que já consideravam o lucro e a exploração dos mais "fracos" como inerente ao seu desenvolvimento. Mas calma. Vamos recordar o que foi dito por esse rapaz: "O que os portugueses fizeram com o povo da região, durante 4 séculos, foi criminoso. Usaram as índias. Ou melhor, estupraram as índias aos milhões e depois as pobres negras escravas." Se analizarmos o problema de forma geral, vamos lembrar que o nordestino migrou e ainda migra para o Sudeste em busca de trabalho, justamente porque o Estado não cumpre com o seu papel, além de concentrar os meios de produção nas mãos de uma oligarquia pequena. A estrutura fundiária do Nordeste padece nos latifúndios dos mesmos senhores da colonização. O "Plantation" ainda é comum. E de quem é a culpa? Quem é que fede, de fato nessa história? O povo nordestino? ou a elite reacionária do Brasil que insiste em deter a riqueza e explorar a mão-de-obra, seja no campo ou nas cidades? Quem são esses coronéis citados no texto deste jornalista? Cansei de contar os "senhores gaúchos da soja" que ocupam o oeste baiano. Por isso vamos ter raiva de gaúcho? Sinceramente, registro aqui minha indignação diante de tal teoria. É uma pena que ainda existam pessoas assim. Problemas de autoafirmação? não acredito. Na verdade, está explícito que se trata uma questão ideológica.

Um abraço!

Pabllo Valle, brasileiro e recifense com orgulho. disse...

O que mais me deixa impressionado é como uma pessoa com nível superior, acadêmico, conhecedor da história brasileira ( ou pelo menos assim se espera..), com um certo poder de expressão nas mãos, vai a um jornal de grande circulação e se expõe ao ridículo de demonstrar a sua total falta de conhecimento sobre o nordeste brasileiro, diria até que do seu país!
As pessoas inteligentes não falam sobre o que não conhecem, vai aí um conselho, na esperança de uma redenção...

Pabllo Valle disse...

E me recuso a gastar tempo rebatendo asneiras, para um jornalista, a pior coisa do mundo deve ser falar para as paredes...
Acho que deveríamos enviar e-mails ao jornal pedindo o afastamento desse rapaz, porque um jornal de respeito não pode manter um profissional de nível tão baixo em seu rol de colunistas, fora o editor que aprovou uma aberração como essa, talvez a idéia seja exatamente essa, como acontece muito na imprensa hoje em dia, polemizar é a ordem, não interessa quão injusta seja a afirmação, o que vale é chamar a atenção, então deixemos que falem às paredes...
Abraços a todos os brasileiros de verdade...

Anônimo disse...

Estive por dentro do caso da pousada do zinco, e não foi nada disso que aconteceu! O dono da pousada é uma pessoa muito respeitosa, mas gosta de fazer brincadeiras para "quebrar o gelo", se a jornalista estava num dia ruim, ou de mau humor, qualquer coisa pode ser vista de forma negativa! " oque uma pessoa da Paraíba está fazendo aqui?" não é uma pergunta maudosa! Depende do modo que é interpretada.. Ou seja, como uma pessoa de tão longe achou a pousada, que ainda possui pouca propaganda... É uma pergunta construtiva.., sobre "Paraíba mulher macho" eu pensava ser uma música da qual o povo se orgulha, por mostrar a mulher guerreira paraibana, e sobre o cabelo vermelho, a mulher do dono da pousada tinha cabelo vermelho na época, provavelmente por isso ele fez a brincadeira, a qual se a jornalista tivesse dado espaço suficiente ela teria conhecido a própria! Para finalizar, sobre a bandeira, foi uma brincadeira pois na pousada tinha uma bandeira do Brasil pendurada e a mesma por estar submetida ao sol por muito tempo estava desbotada, Sou uma hóspede dessa pousada, e estive hospedada na época desse acontecimento, e o dono da pousada é uma das pessoas mais justas, honestas, e inteligente que tive a oportunidade de conhecer, isso foi um mau entendido gigante, a qual a jornalista deveria ter tentado entender e conversar antes de postar qualquer coisa, ou na hora do comentário ter dito que não gostou, ou que se sentiu ofendida! Aposto que nada disso teria acontecido, pois o proprietário teria se explicado e se desculpado, e pra terminar colocar no post o email para que mais pessoas pudessem compartilhar seu repudio, que tipo de pessoa faz isso? alguem que não se preocupa em tentar entender os dois lados, um maria vai com as outras, somente uma pessoa pequena faz isso, por um desentendimento os proprietários foram injustamente ameaçados de morte, por gente ignorante! Poucos realmente pediram oque aconteceu antes de xingar os donos, e esses poucos que pediram entenderam a situação e se colocaram do lado dos proprietários, inclusive eu

Anônimo disse...

Vale lembrar que inclusive os acompanhantes da jornalista Célia Leal, inclusive o autor do email o senhor Adenilson Telles se desculparam com os proprietários da fazenda, entenderam que ali houve um problema que poderia ter sido evitado, e que foi exagero dos jornalistas, que poderiam ter questionado a questão antes de radicalizar.