quinta-feira, dezembro 07, 2006

Satélite flagra banquete de buraco negro gigante

Longe de ter problemas de anorexia, os buracos negros têm apetite voraz e sempre conseguiram disfarçar seus assaltos a geladeiras cósmicas. Desta vez não!

Um buraco negro gigante foi pego no momento em que se fartava no meio de um grupo de estrelas em uma galáxia distante. O autor do flagrante: o satélite Galex (Explorador da Evolução de Galáxias, em inglês). Trata-se de um satélite pequeno que carrega um telescópio de 50 cm de diâmetro e enxerga a luz ultravioleta. Por isso mesmo está em órbita da Terra, pois este tipo de astronomia (bem como a de raios X e de boa parte do infravermelho) só pode ser feita acima de nossa atmosfera.

Voltando ao delito, digo, ao buraco negro, a equipe do Dr. Suvi Gezari, do Caltech, nos EUA, conseguiu observar todo o almoço estelar, pela primeira vez na história.

Durante milhares de anos o buraco negro esteve em jejum, escondido em uma galáxia elíptica tão comum que nem nome ela tinha. Desafortunadamente, uma estrela passou muito perto do gigante adormecido e faminto e foi sendo sugada. A gigantesca força gravitacional do buraco negro foi deformando e aos poucos rasgando a estrela. O gás da pobre coitada foi caindo na direção do buraco negro e diversos "flashes" de raios ultravioleta foram detectados pelo Galex.

Desde a primeira suspeita de que um buraco negro estivesse almoçando uma estrela, a equipe do Dr. Gezari mobilizou o telescópio CFHT de 3,6 metros, o Keck de 10 metros (ambos no Havaí) e o telescópio Chandra de raios X. Durante dois anos, a equipe monitorou as atividades deste buraco negro, acompanhando passo-a-passo cada etapa da refeição, a uma distância de 4 bilhões de anos-luz de distância. O voraz comensal tem dezenas de milhões de vezes a massa do Sol.

A ilustração abaixo é uma representação do que deve ter acontecido. Uma estrela passando por perto desavisadamente. Em seguida, a força gravitacional do buraco negro a deforma de tal maneira que ela se rasga e cai na direção dele emitindo radiação de alta energia: ultravioleta e raios X.

Buracos negros supermaciços como esse devem habitar o centro de galáxias, incluindo a nossa, que possui um deles adormecido. Eles só dão o ar da graça quando uma estrela passa por perto, e um evento assim ocorre, em média, a cada 10.000 anos.
por Rainério

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