
O sargento, cujo nome está sendo mantido em sigilo, garantiu que cometeu o erro involuntariamente, por falta de treinamento. Com isso, o governo praticamente descartou a hipótese de sabotagem, embora a Polícia Federal continue investigando o caso.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, reconheceu que o Cindacta-1 não tinha um técnico especializado capaz de apontar o problema. "Levamos quase seis horas para identificar o erro." Embora a avaliação no governo seja de que o apagão foi causado por um problema de gestão, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) vai identificar potenciais falhas de equipamentos nos Cindactas, para agir de forma preventiva.
Bueno falou à noite, depois de se reunir por mais de uma hora com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Waldir Pires (Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Ele confidenciou a militares próximos que, 'chateado' com a falha do subordinado, pensou em entregar o cargo. Na entrevista, porém, negou estar demissionário.
O terceiro - e mais grave - apagão nos aeroportos em pouco mais de um mês começou a se desenhar na manhã de terça-feira. Às 9 horas, controladores detectaram interferências corriqueiras nas freqüências de rádio usadas por aviões que decolam do Rio para Brasília. Como o chiado dificultava o contato com as aeronaves, o supervisor acionou um dos sargentos que cuidam da manutenção dos equipamentos.
O sargento desviou algumas freqüências para a central de áudio reserva, que funciona conectada e concomitantemente à titular. A transferência é feita por chaves eletrônicas - o operador direciona as freqüências para cada máquina clicando numa tela de computador. Só então o sargento percebeu que a central reserva estava inoperante - passava por manutenção. "Depois que você faz a troca das freqüências para outra central, o software não aceita a contra-ordem", disse um oficial.
Ao tentar desfazer o erro, o sargento inverteu uma placa, piorando a situação. "É como se você colocasse pilha num rádio ao contrário", disse um ministro. O militar abandonou a sala técnica, sem avisar os superiores. "Essa 'barbeiragem' desconfigurou o sistema", afirmou outro militar.
por Rainério
0 comentários:
Postar um comentário